O climatologista brasileiro Carlos Nobre, que estuda as alterações climáticas, considera que a Amazônia está próxima de uma “savanização” por causa dos longos períodos de seca. O especialista participa de cinco estudos sobre a região brasileira da floresta apresentados na 28ª Conferência do Clima das Nações Unidas (Cop 28), em Dubai, nos Emirados Árabes.

“A seca está muito mais longa. Essa estação era de três a quatro meses. Hoje está de quatro a seis meses em duas décadas. Se continuarmos nessa direção, já é um clima de savana tropical”, explicou.

Segundo o Carlos, a seca que vem acontecendo com muita intensidade na região tem clara relação com o aquecimento que o globo vem sofrendo

“O aquecimento global está induzindo secas muito severas na Amazônia com uma frequência muito maior”, afirmou o cientista, que ainda destacou que os os ciclos de secas na região Amazônica vem acontecendo cada vez mais próximos uns dos outros.

Climatologista Carlos Nobre Foto: José Cruz/Agência Brasil

“Os ciclos aconteceram em 2005, 2010, 2015 a 2016. Uma menor em 2020 e agora uma muito grande em 2023 que vai durar até 2024”, disse Nobre, que ainda fez outro alerta sobre a alteração do bioma.

“Se a gente continuar com o aquecimento global e com o desmatamento no máximo em duas ou três décadas, se cruza o ponto de retorno. Cruzou o ponto de retorno, ela (Amazônia) vai se tornando um ecossistema degradado a céu aberto, como se fosse um cerrado”. 

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Transformação ambiental

Segundo o especialista, o bioma está retendo calor, o que o torna fonte de carbono, tornando o ecossistema degradado, como um grande cerrado.

“Mais de 250 bilhões de toneladas de carbono vão ser jogadas para a atmosfera terrestre, tornando todo esse ecossistema degradado, que pode ser até 70% de toda a Amazônia. Assim, a temperatura aumenta demais, de 3 a 5 graus mais quente com uma umidade que fará muito mal à saúde humana”. 

Restauração ambiental

Carlos afirma que um projeto de restauração ambiental deve se tornar prioridade para incentivar uma regeneração da natureza: “Por isso nós temos que criar, talvez o maior projeto do mudo de restauração florestal”, afirmou. “Com a floresta secundária crescendo rapidamente ela consegue fazer a Amazônia voltar ao que era”, completou o cientista. 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 07 e 13: Energia Limpa e Acessível e Ação Global Contra as Mudanças Climáticas, respectivamente.

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