O termo Cidade Inteligente não é apenas uma cidade em que os moradores “sabem mais”, ao contrário do que o nome sugere. Na realidade, a denominação indica que um município promove efetivamente boas práticas em sustentabilidade, gestão urbana, mobilidade e organização do espaço.

Oficialmente, duas cidades no Brasil receberam o certificado de “Cidade Inteligente”, ambas na região Sudeste. Em geral, especialistas definem que para receber o “título”, as lideranças regionais precisam conectar o tripé formado por avanços tecnológicos, meio-ambiente e progresso social.

Conceito

“A primeira vez que ouvi falar de alguma coisa ‘inteligente’ foi o smartphone, que nada mais é que um equipamento que consegue usar toda a sua potencialidade, em um espaço cada vez menor, a favor do ser humano. Então, uma cidade inteligente vai nesse mesmo princípio”, explica Ana Paula Cintra, consultora em Cidades Inteligentes.

Ana Paula Cintra em evento sobre Cidades Inteligentes (Foto: Arquivo Pessoal)

“Uma cidade inteligente é aquela focada na população e que usa toda a sua tecnologia e os seus recursos para solucionar os problemas existentes nela”, explica.

Assim, quando se fala de “smart cities” termo em inglês bastante utilizado para designar conteúdos focados na temática, é comum que especialistas utilizem termos como integração; desenvolvimento; sustentabilidade e novas tecnologias.

“Nós falamos de urbanização, plano diretor, mobilidade, tratamento do lixo, esgoto e mais diversas outras questões”, ressalta.

Certificação

No mundo, existe um sistema com padrões definidos para atestar que uma cidade pode ser considerada inteligente. Assim, grandes centros como Londres, Nova York e Tóquio aparecem entre as primeiras posições em ranking organizado pela escola de negócios da Universidade de Navarra (IESE Cities in Motion Index), na Espanha.

“Existem duas cidades no Brasil todo que são certificadas como Cidades Inteligentes pelas normas ISO, que são normas de parâmetro internacional. A primeira foi São José dos Campos (SP) e a segunda Pindamonhangaba (SP)”, explica.

Na região Sul, o município de Curitiba (PR) também recebe destaque. Apesar de não possuir a certificação, projetos como a Pirâmide Solar do Caximba, a primeira usina solar em aterro sanitário da América Latina e o Vale do Pinhão, programa que une empreendedorismo, economia criativa e tecnologia, promovido pela prefeitura local.

Vista aérea da Pirâmide Solar da Caximba (Foto: Daniel Castellano/SMCS)

Prática

“Uma cidade inteligente pensa de modo circular. Ao mesmo tempo em que tem que oferecer tecnologias que facilitem o dia a dia do cidadão, precisa oferecer o acesso. Como por exemplo, no suporte à internet. Ela precisa ser um direito, assim como o saneamento básico”, exemplifica.

Além disso, a especialista aponta que na “agenda” de uma Cidade Inteligente, é necessário a integração de conceitos como o de “Economia Circular”, que alinha desenvolvimento econômico e uso consciente de recursos naturais.

“Não é só conscientizar o cidadão a fazer reciclagem ou compostagem, por exemplo. Mas a repensar o seu próprio consumo. Pensar nas embalagens e em outras questões de sustentabilidade”, diz.

Educação

“É uma educação ambiental, econômica e tecnológica. Ainda falta em nosso poder público oferecer isso para a população”, ressalta.

Em Curitiba, a consultora cita a experiência denominada de “fazendas urbanas”. Nesse sentido, a instalação foi inaugurada em 2020, voltada à educação para a prática agrícola sustentável na capital paranaense.

“São vazios urbanos, áreas que já estavam degradadas e que começam a receber hortas e plantações. Os produtos produzidos na região são disponibilizados para a população vulnerável e é um lugar acessível, todos podem ir para visitar, conhecer e entender o funcionamento”, explica.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

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