A Arena Repense desta semana discute as mudanças necessárias para redução da poluição gerada no trânsito. O tema está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) de número 13 ”Ação Contra a Mudança Global do Clima”, e destaca a reportagem de Fernanda Santos, da série especial Repense Clima, que aponta carro elétrico e bicicleta como soluções para a redução da emissão de gases poluentes nas ruas e avenidas dos grandes centros urbanos. Assista a seguir a partir de 1’03
Para entender como ocorrem essas emissões, o pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), Felipe Barcellos e Silva, aponta os principais responsáveis pela poluição no trânsito de grandes cidades como Goiânia, por exemplo.
”Essas emissões são provenientes da queima de combustíveis nos carros, motos, caminhões e ônibus. Quando se queima esses combustíveis no motor dos veículos, eles emitem CO₂ que é o principal gás de efeito estufa, e também outros poluentes como materiais particulados. Para reduzir essas emissões, é muito importante racionalizar o uso dos transportes nessas cidades, como por exemplo o automóvel, fazendo com que as pessoas o usem menos e usem mais a bicicleta e transporte coletivo como foi mostrado pela reportagem”, afirma.
Como forma de tentar reduzir essas emissões, Felipe aponta três grandes estratégias: evitar, mudar e melhorar.
Evitar
”Evitar longas viagens. Como? A partir de leis e regulamentos de uso do solo, fazendo com que as pessoas possam morar mais perto do trabalho, da escola. Com isso é possível ir a pé ou de bicicleta, e lançar mão de automóveis”.
Mudar
”Outra estratégia é fazer com que as pessoas mudem do transporte individual motorizado, como por exemplo o carro, para o transporte coletivo. Para isso é preciso incentivar o transporte coletivo, ter linhas que passem pela maior parte da cidade, que sejam ágeis e que tenham informações para as pessoas”.
Melhorar
”Seria melhorar as tecnologias. O ônibus, além de ser movido a diesel, que é bastante poluente, pode ser também elétrico. Que tal ter um ônibus elétrico e que leve mais pessoas? Estará tanto diminuindo as emissões como também melhorando a cidade, uma vez que os ônibus são mais eficientes em termos de ocupação do solo e do espaço urbano”.

Valorização da sustentabilidade
No entanto, para que essas transformações aconteçam, é preciso evoluir o modo como são construídos os grandes centros, que atualmente desvalorizam ciclistas e pedestres, como aponta a arquiteta e urbanista da Prefeitura de Palmas-TO, membro da comissão responsável pela elaboração do plano de mobilidade urbana da capital tocantinense e mestranda no curso de Ciência do Ambiente da Universidade Federal do Tocantins, Jô Furtado.
”Nós percebemos que nesse modelo de cidade que nós temos, onde o carro é priorizado, a infraestrutura viária destinada ao carro, ao veículo individual, está muito além da infraestrutura viária destinada ao pedestre e ao ciclista. Então é esse equilíbrio que a gente precisa fazer. E não é só isso, é um pacote enorme de novos investimentos, de quebra de paradigmas. A gente precisa trabalhar para que esse público seja valorizado”, afirma.
Educação
A coordenadora pedagógica da Renapsi-Polo TO, Julina Amorim, acredita que a educação em sala de aula, desde a infância, é fundamental para que crianças e jovens entendam a necessidade de mudança no trânsito, de modo a torná-lo mais sustentável.
”Somos educados a trabalhar, conseguir recursos financeiros, comprar um carro, ter sua vida financeira, e isso também é educação. A gente vem criado nessa fala de ter seu próprio carro, de preferência, se puder, trocar de carro todos os anos, então é uma mudança também de educação. Nós que trabalhamos com educação precisamos ter mais momentos como esse da Arena Repense, para discutir o assunto, trazer para dentro das escolas a questão ambiental que está envolvida no trânsito, um trânsito mais sustentável”, aponta.
Para a agente de Trânsito e Transporte de Palmas-TO, pós-graduada em Ciências do Trânsito e mestre em Gestão de Políticas Públicas, Junia Ferreira, é preciso repensar o conceito de trânsito e angrenagem urbana.
”Todo mundo vê o trânsito como uma coisa negativa. Mas o que é trânsito? É poder se deslocar, é o poder de ir e vir. Então é uma coisa positiva, é o que nos permite viver. Se ocorre um acidente, se alguém se machuca, se alguém está dirigindo o veículo, a culpa é do trânsito? A culpa é de alguém que está conduzindo uma máquina que pode ocasionar danos ao ser humano e a outros, como aos animais”, conclui.

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