Já se sabe que nesta época do ano, de tempo seco, as doenças respiratórias aparecem com mais facilidade. A falta de chuvas aumenta a ocorrência de queimadas, que espalham muita fumaça por grandes áreas e só pioram a situação. Tema da reportagem especial de Rodrigo Melo, da série Repense, alinhada ao ODS 12 da Agenda 2030 da ONU, ”Consumo e produção responsáveis”, o assunto foi destaque nesta segunda-feira (30) da Arena Repense. Assista a seguir

Para o engenheiro civil e coordenador do Programa de Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Expostas aos Poluentes Atmosféricos do Centro Estadual de Vigilância em Saúde vinculado à Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, Régis Fernandes Silva, pessoas que vivem em países com maior desigualdade social e econômica e com regras mais brandas em relação à poluição ambiental, como o Brasil, tendem a ficar mais expostas.

”Indústrias trabalham com regras menos rígidas. As pessoas queimam madeira, queimam carvão para pode se aquecer e cozinhar seus alimentos, então acabam se expondo mais à poluição. O Brasil também tem esse problema, populações mais pobre utilizam madeira para cozinhar, estão sujeitas a maior quantidade de problemas respiratórios”, analisa.

Fatores que ajudaram a reduzir a emissão de poluentes na atmosfera foram as quarentenas mundo afora em razão da Covid-19. Gigantes como Estados Unidos e China, já em março de 2020, sentiram reflexos do fechamento das atividades. Em Nova York, as emissões de monóxido de carbono oriundas de automóveis diminuiu 50% em comparação ao ano anterior, segundo pesquisa da Universidade de Columbia. Com a chegada do coronavírus, o tráfego na maior metrópole do planeta caiu 35%.

Às vésperas da COP26 em 2020, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, apontaram que o Brasil seguiu na contramão do mundo, com um aumento de 9,5% nas emissões de gases poluentes. No restante do globo, houve redução de 7%.

De acordo com estimativas do SEEG, o Brasil liberou 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico em 2020, contra 1,97 bilhão em 2019. Régis Fernandes Silva afirma que mesmo quando o assunto é saúde, ou a falta dela decorrente da poluição, há dificuldade de se calcular o impacto na população brasileira, já que houve sobrecarga do sistema público de saúde justamente por causa do Sars-Cov-2.

”As queimadas [durante a pandemia] continuaram, até aumentaram em função de seca, a atividade industrial pode ter reduzido, mas o impacto sobre a saúde é difícil avaliar porque o sistema de saúde estava sobrecarregado. Havia uma quantidade enorme de pessoas com problemas respiratórios, da própria Covid, resfriados, a gente pode supor mas não tem como medir esse impacto”, salienta.

A analista educacional da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) Polo RS, Idala Xavier de Mello, observa que a conscientização e mudança de comportamento para redução da poluição e devem começar cedo, nas escolas e em locais com grande concentração de jovens em iniciação no mercado de trabalho.

”Espaços de ensino escolares como a Renapsi, que são considerados espaços indicados para discussão e aprendizado de temas urgentes atuais, acredito que esses temas como poluição, desmatamento, queimadas, se destaca a necessidade de despertar nesses espaços, junto com a comunidade, questões sobre o meio ambiente”, aponta.

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