Sob o olhar atento de um ídolo, o Vila Nova entrou em campo nesta terça-feira, dia 4, no seu retorno ao Estádio Olímpico, para enfrentar o Oeste, em partida válida pela 29ª rodada da Série B. 1×0: esse foi o placar da vitória do Tigrão, gol marcado por Joãozinho no final do segundo tempo. Mas a conquista dos três pontos não foi a única atração do confronto. Sentado na arquibancada do estádio estava, vestido com a camisa do clube, um dos maiores ídolos da história do Vila, Guilherme de Souza.

Mineiro, de São Geraldo, Guilherme, hoje com 71 anos, é conhecido como “São Guilherme” entre os torcedores colorados. O motivo? Os diversos gols marcados com a camisa vermelha, os títulos conquistados, principalmente durante a década de 70, o que fizeram do ex-atacante um rei no clube goiano.

O RETORNO

Sobre a partida contra o Oeste, o ídolo do Tigrão resumiu em uma fala o motivo da vitória. “Eu estou aqui, sou pé quente mesmo. Nunca perdi no Olímpico. Mesmo de fora, sinto que ajudei o time a vencer”, declarou Guilherme, que fez questão de ressaltar que o Vila tinha obrigação de vencer para respirar de vez na classificação da Série B.

guilherme olhando para o campo

Em entrevista à reportagem do Portal 730, o ex-jogador contou que se sentiu emocionado ao chegar no Estádio Olímpico e, por onde passava, era reconhecido pelos torcedores. “Não é brincadeira, não, já tirei muitas fotos. Joguei futebol há 40 anos, mas até hoje o pessoal não esqueceu de mim”.

AS SENSAÇÕES

Guilherme declarou que o retorno ao Olímpico foi ainda mais especial por ter sido lá que sua carreira com a camisa do Vila começou. “A sensação de estar aqui é muito boa. Eu tenho muito amor por esse estádio, foi aqui que fiz história”. Mas, na visão do ídolo, nem tudo foi só love. Ele fez questão de criticar a atuação da equipe, quando o jogo estava 0 a 0. “Só está faltando o gol para deixar tudo perfeito. No meu tempo, o estádio era escuro, mas hoje é tudo claro e lindo. O time precisa encostar mais no ataque e aproveitar a fragilidade do adversário”.

guilherme expondo banerA HISTÓRIA

Desde criança, quando começou a jogar futebol, Guilherme chamou atenção por seu arranque e velocidade nos campinhos de terra de São Geraldo. Exímio driblador e com poder de decisão acima dos demais, o ex-jogador ressaltou, ao Futebol de Goyaz, que não importava o tipo de bola. O futebol acontecia até mesmo com bolinha de meia. Certa vez, um conhecido da família o viu jogando e o levou para o Rio de Janeiro para treinar nas categorias de base do Botafogo, onde assistia Garrincha, Zagallo, Didi, Quarentinha e companhia.

Por conta das obrigações de servir ao exército, foi morar em Belo Horizonte-MG. Por meio de um amigo, decidiu fazer um teste no Villa Nova, de Nova Lima onde se profissionalizou e atuou em uma partida na cidade de Formiga-MG. O sucesso do atacante começou na cidade de Patos-MG, quando defendeu as cores da URT. Guilherme lembra que, até hoje, se citarmos seu nome na região do triângulo mineiro, a maioria das pessoas vão conhecer a história do goleador.

guilherme com torcedoresO VILA NOVA

Em 1968, ele, Bajoso e Zé Geraldo se transferiram para o Vila Nova por indicação do técnico Lúcio Mendes, onde tudo mudou, principalmente na vida do ex-atacante Guilherme. No jogo de estreia, em São Luís, sofreu derrota por 4 a 0 para o time local. Aos poucos, e a cada gol, Guilherme foi se tornando a lenda colorada, que, em 2013, durante o período de celebrações do aniversário de 70 anos do clube, os torcedores do Vila o elegeram como o maior jogador de todos os tempos.

No intervalo de 1969 a 1976, atuando por clubes goianos, Guilherme ficou apenas duas temporadas sem disputar títulos. Sempre decidindo finais, o ex-atacante ressaltou ao Futebol de Goyaz que, na época que defendia o Vila Nova, não era qualquer um que poderia jogar futebol. O talento de ser jogador era requisito essencial nos principais clubes do país.

Em sua época, o futebol não era espetacularizado como nos dias de hoje e, após aposentar as chuteiras do futebol profissional, Guilherme começou a trabalhar na Ceasa, Central de Abastecimento de Goiás. Trabalho que o ex-atacante mantém desde 1982 até os dias de hoje. Guilherme destaca, porém, que seu sonho sempre foi trabalhar com escolinha, mas que nunca teve apoio para isso.