Em resposta às mudanças climáticas, a ONU recentemente divulgou um relatório destacando a urgência de medidas eficazes para mitigar o aquecimento global. O Relatório-Síntese sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) de 2023 revela que os planos de ação climática nacionais ainda não são adequados para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC.

A análise abrangeu as NDCs de 195 Estados-parte do Acordo de Paris, incluindo 20 novas ou atualizadas até setembro de 2023. O objetivo é informar os próximos planos de ação climática previstos para serem apresentados até 2025, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris.

Apesar de melhorias marginais, as últimas NDCs podem aumentar as emissões em cerca de 8,8% em relação aos níveis de 2010. Esta leve melhora contrasta com a avaliação anterior, que previa um aumento de 10,6% até 2030. A projeção indica que, até 2030, as emissões estarão apenas 2% abaixo dos níveis de 2019, indicando que o pico das emissões globais ocorrerá nesta década.

António Guterres, secretário-geral da ONU, enfatiza a necessidade de uma “supernova” de ambição climática global, alertando que progressos graduais não serão suficientes. “O relatório mostra claramente onde o progresso está muito lento. No entanto, ele também apresenta a ampla gama de ferramentas e soluções apresentadas pelos países. Bilhões de pessoas esperam que seus governos peguem essa caixa de ferramentas e as coloquem em prática“, comenta Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

Emissões globais

O relatório reforça a urgência de ações decisivas para reduzir as emissões globais e evitar os impactos severos das mudanças climáticas. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) destaca a necessidade de uma redução de 43% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, comparado aos níveis de 2019, para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC.

“Cada fração de grau é importante, mas estamos gravemente fora do caminho. A COP28 é o nosso momento de mudar isso. É hora de mostrar os enormes benefícios de uma ação climática mais ousada: mais empregos, salários mais altos, crescimento econômico, oportunidade e estabilidade, menos poluição e melhor saúde”, reforçou Stiell.

“Os elementos condicionais das NDCs precisam ser implementados, o que depende principalmente do acesso a recursos financeiros aprimorados, transferência de tecnologia e cooperação técnica e apoio à capacitação, bem como da disponibilidade de mecanismos baseados no mercado”, diz o relatório, para atingir o pico de emissões antes de 2030.

“É essencial, continuar a buscar a justiça climática e ajudar o Sul Global, que é o que menos contribui com emissões, mas que suporta os efeitos mais cruéis das mudanças climáticas, não apenas a sobreviver, mas também a fazer a transição para uma economia mais sustentável por meio de caminhos de transição justa”, afirmou o presidente da COP27 e ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry.

COP28

Este alerta da ONU precede a COP28, marcada para ocorrer em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro. A expectativa é que a conferência resulte em ações concretas contra a emergência climática.

Simon Stiell insta os governos a adotarem medidas significativas na COP28 diante da crescente urgência das mudanças climáticas. “Isso significa que a COP28 deve ser um ponto de virada claro. Os governos não só devem concordar sobre quais ações climáticas mais robustas serão tomadas, mas também começar a mostrar exatamente como implementá-las”.

Embora eventos climáticos extremos tenham causado 1,3 milhão de mortes entre 1998 e 2017, os governos planejam aumentar a produção de combustíveis fósseis em 110% até 2030, comprometendo o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5ºC. O contexto da COP28 no Oriente Médio, uma região rica em produtores e exportadores de petróleo, simboliza a gravidade da situação. O aumento recorde nas emissões de dióxido de carbono, principalmente de combustíveis fósseis, em 2021-2022 intensifica a pressão por ações imediatas.

“Não podemos enfrentar a catástrofe climática sem atacar sua causa principal: a dependência dos combustíveis fósseis. A COP28 deve enviar um sinal claro de que a era do combustível fóssil está sem gás – que seu fim é inevitável. Precisamos de compromissos confiáveis para aumentar as energias renováveis, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética, garantindo ao mesmo tempo uma transição justa e equitativa”, defendeu Guterres.

NDCs

O Relatório sobre Estratégias de Longo Prazo para Baixas Emissões de 2023 destaca a importância do cumprimento das NDCs. Embora as estratégias atuais representem 87% do PIB mundial, 68% da população global em 2019 e aproximadamente 77% das emissões globais em 2019, muitas metas de emissões líquidas zero permanecem incertas.

“O relatório síntese dos planos climáticos nacionais ressalta a necessidade de agirmos com maior ambição e urgência para cumprir as metas do Acordo de Paris – simplesmente não há mais tempo para atraso. A COP28 deve ser um ponto de virada histórico nesta década crítica para que os Estados-parte aproveitem o momento da revisão global das metas para se comprometerem a aumentar sua ambição e se unirem, agirem e apresentarem resultados que mantenham o 1,5ºC ao alcance, sem deixar ninguém para trás”, admite Sultan Al Jaber, presidente designado da COP28.

A ONU Brasil lançou uma campanha para promover a conscientização sobre mudanças climáticas e incentivar a participação em iniciativas globais relacionadas à ação climática, entre 21 de novembro de 2023 e 1º de janeiro de 2024, envolvendo jovens, influenciadores digitais e a sociedade civil.

Para saber mais e participar desta iniciativa, clique AQUI.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

Leia mais: