A advogada brasileira Vercilene Dias, primeira mulher quilombola a discursar em um Fórum Político de Alto Nível da ONU, defendeu na entidade o enfrentamento do racismo estrutural. O discurso ocorreu no painel sobre combate à pobreza no evento que está acontecendo na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, e que termina na quinta-feira (18).

Para Dias, a sua presença na ONU traz “visibilidade para comunidades discriminadas pelo trabalho e pela descendência”.

“A experiência tem sido desafiadora tendo em vista que a língua é uma barreira gigante, pois o português não é a língua oficial da ONU. Mas o desafio é não deixar invisibilizar as comunidades quilombolas tendo em vista que um dos desafios gigantes das ODS é não deixar ninguém para trás”, disse.

O foco de Vercilene Dias na ONU é o enfrentamento do racismo estrutural, bem como a negação de direitos. Uma saída, portanto, é ocupar espaços nos órgãos de governo onde acontece a tomada de decisões e a formulação de políticas públicas.

Ocupação de espaços

Vercilene Dias é quilombola da comunidade Kalunga, em Goiás. Atua na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e fundou a Rede Nacional de Advogadas e Advogados Quilombolas (Renaaq).

Sua atuação no reconhecimento do racismo estrutural no Brasil ecoou também em seu discurso na ONU, onde também fez propostas para líderes mundiais que estavam presentes.

“A proposta é o reconhecimento da invisibilização, trazer para a visibilidade essas comunidades discriminadas pelo trabalho, pela descendência. No Brasil, eu trato especificamente das comunidades quilombolas, tendo em vista que elas não são mencionadas em documentos oficiais da ONU. Então, temos que ter essa visibilidade internacional para que as políticas nacionais no Brasil também consiga andar, para que a política nacional para quilombolas se torne uma política de Estado e não política de governo”, disse. 

*Este conteúdo segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 10 – Redução das desigualdades.

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