Imagine a seguinte situação: você precisa se comunicar com pessoas surdas, mas não tem ideia de como se fazer entender e tampouco sabe Libras, a Língua Brasileira de Sinais. Filha de pais surdos e neta de avós maternos também surdos, a Andrea Venancino passou a vida, praticamente, intermediando situações como essa. 

Andrea Venancino em entrevista à Sagres (Foto: Sagres Online)

“Por muito tempo fui condicionada a ser um meio de comunicação dos meus pais, dos meus familiares”, conta, em entrevista à Sagres. 

Situações que ela própria, porém, trataria de solucionar mais uma vez, só que agora por meio da tecnologia. Andrea Venancino é gerente operacional do Icom, um aplicativo de tradução simultânea. Criada em 2014, a ferramenta ajuda pessoas ouvintes que não sabem Libras a se comunicar com quem é surdo. 

“Hoje, quando consigo ver, que existe uma possibilidade de essas pessoas não precisarem mais de mim, e que elas conseguem ter privacidade, autonomia e resolver essas questões sem a minha interferência, eu não consigo nem mensurar o quanto isso é significativo e importante”, afirma. 

Como funciona

O Icom é um aplicativo de uso pessoal gratuito que completou 9 anos no último mês de março. A ferramenta efetua chamadas de vídeo para conectar um intérprete de Libras para mediar a conversa entre o ouvinte e a pessoa surda. Trata-se realmente de uma triangulação, ou seja, a comunicação entre duas pessoas com intermédio de uma terceira. 

Além disso, há compatibilidade do aplicativo com todos os sistemas operacionais e poder ser utilizada em tablets, notebooks, desktops e celulares Android ou iOS.

Mais de 100 mil pessoas surdas já utilizam o aplicativo. Com cerca de 50 mil atendimentos por mês, o Icom conta com um time de 70 intérpretes, além de 150 empresas parceiras. O atendimento, no entanto, não para, e o app funciona 24 horas.  

“A ideia é sempre buscar parceiros que possam trazer muito mais autonomia e acessibilidade às pessoas surdas e que possam contribuir com a nossa grande missão, que é transpor as barreiras da comunicação dessas pessoas onde quer que elas estejam a qualquer momento”, reforça Andrea. 

Empresas

Responsável pelo marketing do Icom, Luiza Perocco explica como funcionam as parcerias com o setor empresarial. O objetivo é possibilitar a comunicação entre clientes surdos e as empresas, assim como na hora de pedir uma pizza, por exemplo. 

“A empresa parceira tem acesso a essa videochamada, o nosso intérprete entra nessa videochamada e faz a triangulação. Através de um dispositivo, seja ele móvel, fixo, um computador, tablet, celular, o intérprete fica disponível para fazer essa triangulação. O surdo se comunica com o intérprete através da câmera, da língua de sinais, e o que é importante entre o intérprete e a empresa é a parte sonora”, esclarece. 

Luiza Perocco em entrevista à Sagres (Foto: Sagres Online)

Além disso, o Icom também auxilia em situações de atendimento remoto, quando a pessoa surda tenta se comunicar com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) de uma empresa. 

“A pessoa surda precisa entrar em contato com o SAC de uma empresa. Ela está navegando no site, por exemplo — se fosse uma pessoa ouvinte ela poderia ligar ou mandar um e-mail — ela entra na videochamada, o intérprete se comunica através do vídeo, e através de uma linha telefônica esse intérprete fala com o SAC da empresa”, afirma Luiza Perocco.

Libras

Considerada a segunda língua brasileira, a Libras teve o reconhecimento em 2002 como meio oficial de comunicação de pessoas surdas no país. Soluções tecnológicas como o Icom, portanto, vêm para proporcionar maior autonomia e privacidade às pessoas surdas. 

“O quanto é legal ver meus amigos, pessoas surdas, usando o serviço sem precisar depender de uma pessoa ouvinte que soubesse língua de sinais para resolver questões às vezes são muito simples. A gente nem imagina o quanto essa comunicação favorece essas pessoas”, conclui Andrea Venancino.

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