A preocupação com a situação física dos atletas durante os jogos não é exclusividade da Copa do Mundo do Catar. O país, que possui temperaturas altíssimas no verão, sediará o mundial no fim do ano, quando os termômetros registram condições mais amenas.

Em entrevista à Arena Repense desta semana, que trouxe a reportagem especial de Tandara Reis para série Repense Clima, alinhada ao ODS 13 da Agenda 2030 da ONU, o preparador físico do Clube Náutico Capibaribe, de Pernambuco, ex-Goiás e Vila Nova, Robson Gomes, destaca o trabalho realizado nos tempos em que esteve nos clubes da região Centro-Oeste. Assista a seguir

A região do país registra as mais altas temperaturas exatamente no meio do ano, durante o período de seca. De acordo com Robson Gomes, os treinos em Goiânia eram feitos pela manhã, bem cedo, e no fim do dia.

Segundo ele, a preocupação também ocorre em relação à aclimatação, quando um atleta vem de outra região e precisa se adaptar rapidamente a outra local, como em uma contratação de jogador estrangeiro ou mesmo em um jogo fora de casa.

Jéssica Dias recebe Robson Gomes, Rodrigo Dias e Julina Amorim na Arena Repense (Foto: Sagres TV)

Segundo Robson Gomes, o que mais pesa é a falta de umidade nesta época do ano em Goiás. Mas ele ressalta a umidade em abundância também pode trazer problemas.

”Você não sente necessidade de beber água porque não se transpira como em locais onde a umidade relativa do ar é muito alta. E não se reidratando, pode causar uma intermação”, afirma Gomes.

Aclimatação

Questionado pela coordenadora pedagógica da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Aprendizagem (Renapsi) – Polo Tocantins, Julina Amorim, sobre como ocorre a preparação para jogos em outras regiões, o preparador físico do Palmas Futebol e Regatas, clube do Tocantins, Rodrigo Dias Macedo, citou uma partida do Palmas-TO contra o Avaí-SC pela Copa do Brasil em 2021.

Rodrigo explica como a aclimatização, adaptação biológica a outro tipo de clima, e que reduz o estresse fisiológico, melhora o conforto, melhora a capacidade de exercício e reduz o risco de insolação séria durante a exposição ao estresse térmico, interfere no rendimento dos atletas.

”A gente treina aqui com 30, 35 graus, a umidade em torno de 30%, e chegando lá [em Florianópolis] a gente tinha uma diferença grande, tanto na temperatura que estava beirando 18 graus e a umidade chegando a 70%. Os jogadores gostaram, mas a aclimatação desses atletas, o entendimento de como eles tinham que se reidratar, a alimentação, tudo isso acaba sendo afetado”, relembra.

À época, a partida acabou em 1 a 0 para os donos da casa.

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