A Arena Repense, em agosto, aproveitando a chegada do mês de setembro e com ele o setembro amarelo, trouxe para a conversa no estúdio a saúde mental do(a) jovem trabalhador(a). Auxiliando a pensar de que forma é possível contornar as adversidades da vida e manter o equilíbrio mental.

Como identificar quando o jovem precisa de um tempo para si mesmo? Quais são as melhores maneiras de gerenciar o estresse? Esses questionamentos, juntamente com dicas de ferramentas acessíveis para construir uma saúde emocional estável, compõem as perspectivas abordadas durante o programa.

A conversa contou com Ludmilla Rocha, coordenadora do Psicossocial da Renapsi polo Goiás, Lorena Marques, psicóloga e Karolina Cardoso, instrutora da Renapsi polo Goiás.

O que é saúde mental?

Ludmila começou definindo o que é saúde mental e abordou a importância desse cuidado com os jovens: “ela nada mais é do que o equilíbrio da mente do ser humano e a importância para o jovem se configura atualmente na busca dele entender a necessidade de ter uma mente tranquila, junto com as emoções (…).

Ela alertou sobre uma tendência preocupante relacionada a transtornos ou adoecimentos mentais que surgem quando não se dá a devida atenção a essa área da saúde? “a gente tem tido um aumento muito grande de crises ansiedades, de síndromes do pânico.

E qual o papel da escola e da família nesse contexto? A coordenadora explicou que elas devem incentivar os adolescentes a se conhecerem, a entenderem que está num momento de transformação que se soma ao surgimento de necessidades e dificuldades que merecem atenção, afinal “se eles não tiverem apoio, eles podem desenvolver algum problema psicológico”.

Há perspectivas ainda mais amplas sobre a saúde mental. A psicóloga Lorena Marques explica que não é possível abordar o mental sem antes pensar em saúde como um todo: “não tem como a gente separar mente do corpo, então (…) a OMS trouxe pra gente o conceito de saúde como um bem-estar bio-psico-socio-espiritual”.

Essa denominação levaria em consideração aspectos como as condições que o mercado de trabalho impõe ao jovem, as condições socioeconômicas especificamente moradia, saneamento básico, entre outras condições que colaboram de forma positiva ou negativa para o contexto de vida do jovem.

Autoconhecimento é uma palavra-chave para compreender as faltas e excessos da vida. A abordagem psicanalítica, de acordo com Lorena, traz a ideia de constante desequilíbrio, de que a vida é uma busca por equilíbrio.

“Vai ter situações onde a gente vai ter um bem-estar e vai ter situações onde a gente vai ter um mal-estar. E aí aprender a lidar com esses momentos de mal-estar pra que isso não vire um peso na nossa vida. E aí uma dessas saídas, por exemplo, pensar o autoconhecimento, é entender ali o que que pra mim é limite. O que eu entendi aqui que isso aqui me frustra de uma forma. E diante dessa frustração, o que eu posso fazer com isso.”

Lorena sobre a importância do autoconhecimento durante a Arena Repense

O autoconhecimento é, para ela, como uma ação de escutar a si próprio para pensar e entender as ações. Mas essa iniciativa demanda tempo e, segundo a psicóloga, nos tempos atuais, nem todos se dão esse trabalho pela falta desse tempo para o autocuidado.

Rede de apoio

Durante a conversa, alguns meios de auxílio foram destacados, como a própria figura do Instrutor ou professor na escola, que podem conhecer os problemas do jovem por meio de uma conversa. A própria Renapsi trabalha com a assistência através do Núcelo de Atenção Psicossocial.

Outros espaços importantes, até mesmo dois presentes em Goiânia, foram destacados: os CAPS, Centro de Atenção Psicossocial, o Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental e a UPA Flamboyant, que possui atendimento psiquiátrico.

Saídas para manter a saúde mental

Simbolização é o processo trabalhado por Lorena em suas sessões, ela explica que essa ferramenta que trabalha na amenização de situações de crise por meio de desenhos, escrita, “colocar para fora” sentimentos como a angústia, por meio da arte, da cultura.

“O jovem pode estar fazendo é prestar atenção no corpo. (..) Se você sentir que você não está bem, se você perdeu o sono, ou estiver dormindo demais. (…) ” Ludmilla trouxe técnicas de respiração como um pequeno esforço para controlar a ansiedade, dado que “traz paz” uma respiração adequada, afinal, ela pode auxiliar o jovem a lidar com uma situação de angústia de forma mais suave.

Cultivar boas relações também é uma necessidade para quem quer manter o equilíbrio mental: “tentar se relacionar com pessoas que vão trazer uma paz, uma leveza, tanto na escola, tanto no trabalho. Ter um bom relacionamento com seus pais”, disse Ludmilla

Como ajudar alguém que está sofrendo?

A Coordenadora explica que é preciso se aproximar com cuidado, estabelecer uma conexão e perceber se a pessoa está confortável para se abrir, caso não, é preciso procurar alguém que tenha maior intimidade com o indivíduo para dialogar. “Escute ela, se você tiver condições de dar bons conselhos, de acolher, isso é muito importante. E o mais importante ainda é você buscar ajuda e tentar convencer ela”

Em suma, a conversa durante a Arena Repense reiterou que a saúde mental dos jovens é um tema complexo e com diferentes nuances, que requer atenção contínua e uma abordagem que aborde o indivíduo como um ser integral, envolvendo tanto fatores individuais quanto contextuais.

Assista à Arena Repense na íntegra no link acima.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

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