Em 2021, Goiânia foi considerada a 4ª capital que mais cresceu em área urbana, exatos 130 quilômetros quadrados. O repórter João Vitor Simões, da Sagres, trouxe esse dado na reportagem especial da série Repense Clima, alinhada ao ODS 13 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030 da ONU, ”Ação contra a mudança global do clima”.

Assista à reportagem na Arena Repense desta semana a seguir

Enquanto áreas urbanas continuam sofrendo expansão, a engenharia civil busca formas de conter o avanço das chamadas ilhas de calor, locais que apresentam mais concreto do que vegetação, e tentam unir construção e conforto térmico. Para debater o assunto, a Arena Repense desta semana contou com a participação de três especialistas no setor.

O engenheiro civil Douglas Barreto, afirma que um dos desafios da engenharia é exatamente construir sem reduzir as áreas de conforto térmico. ”Não existe implantação de um edifício de apartamentos de altura ideal, porque trabalhamos com objetos retangulares, e pelo menos uma das faces vai ser sacrificada [por causa da incidência do sol]”, afirma. ”Hoje a gente consegue interferir muito mais no ‘a construir’ do que no ‘construído”’, complementa.

Soluções

Uma das soluções seria o chamado ”telhado verde”, uma cobertura ecológica feita com vegetação sobre os prédios, e que, de preferência, favoreça o bioma da região. ”Para conter a absorção da radiação solar e ao mesmo tempo cria-se um colchão isolante, que seria a parte de solo e depois a de plantas”, explica Barreto.

Telhado verde (Foto: AT Arquitetura)

O instrutor da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi), Hadson Blandin, também é engenheiro civil. Ele defende a chamada ”ventilação cruzada”, que tem a capacidade de renovar o ar e diminuir consideravelmente a temperatura interna dos ambientes. ”Não adianta ter plantas dentro de casa se não tiver ventilação, vai causar o que muitos conhecem como mofo, acarretando até mesmo doenças respiratórias”, argumenta Blandin.

Sustentabilidade

A também engenheira civil, Clarice Degani, acredita que a engenharia civil precisa ir além quando o assunto é sustentabilidade. ”Uma delas é reduzir as emissões, reduzir o esgotamento de recursos. É trabalhar com a energia, com as questões de conservação da água e uma escolha racional dos materiais, e entender a pegada desses materiais também”, enfatiza.

Para Degani, outro desafio é compreender como o estoque construído absorve as consequências das mudanças climáticas. ”É preciso não impactar, mas também estar apto a absorver os efeitos dessas mudanças”, afirma.

Na opinião de Hadson Blandin, a engenharia civil também conta com a participação da população para que as intervenções pró-meio ambiente tragam resultados. “Infelizmente fica só no projeto. A gente termina a construção do imóvel, e a maioria dos clientes vai lá e cimenta tudo. E aí, infelizmente causa essa questão do microclima dentro do imóvel”, conclui.

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