Tijolos de barro, paisagismo interno, janelas bem localizadas para a circulação de ar e até mesmo a posição de construção do edifício. Essas são algumas das estratégias desenvolvidas ao longo dos anos para a redução da temperatura interna em casas e prédios, visando o maior conforto das pessoas. Assista à reportagem a seguir
Goiânia foi a 4ª cidade que mais cresceu no Brasil em 2021 registrando um aumento de área urbana de 130 quilômetros quadrados. Contudo, a retenção de calor no interior dos ambientes é uma preocupação das construtoras na capital desde a fundação, levando em consideração a localização para que tenha proximidade com parques e praças, o material utilizado e a posição em relação ao sol.
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A engenheira Érika Sattler explica que a preocupação sempre busca o maior conforto dos usuários. “Fazemos estudos e usos de materiais que trazem um maior conforto térmico, buscando sempre deixar todos os ambientes ventilados, buscando sempre a ventilação cruzada, que traz mais conforto para o nosso usuário”, afirma.
Além disso, a especialista ainda comentou em relação ao aspecto ambiental da construção civil. O setor é o que mais gera resíduos no mundo e é responsável por 30 a 40% das emissões de CO2, de acordo com dados do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS).
Érika alega que o mercado atual geralmente não adere a práticas sustentáveis por elevar muito o custo da obra, de forma que o lucro se torne nocivo para a natureza.
Alternativas Sustentáveis
Por outro lado, técnicas de arquitetura natural são cada vez mais utilizadas na capital goiana. Diferentes investimentos foram feitos nas formas de paisagismo interno e ventilação, além de estudo e aplicação de técnicas milenares de construção.
Esses meios abraçam o meio ambiente, de maneira que a maior parte do resíduo produzido nas construções retorne para o planeta, se decompondo naturalmente.
O engenheiro especialista em sustentabilidade Wessicley Correia esclarece que o paisagismo tem papel fundamental na redução do acúmulo de ar quente dentro das casas.
Entre as estratégias, ele cita a utilização de bacias de evapotranspiração, sistema em que uma caixa de folhas de bananeira com água é posicionada nas entradas de vento das residências, para que, ao evaporar, produza uma “fábrica de nuvens” e levando ar úmido e fresco para dentro.
Ademais, é destacada pelo engenheiro a antiga técnica das paredes de adobe, em que são utilizados o barro, juntamente com bambu e “água de cupim” para a composição das paredes das casas. Essa técnica é utilizada desde o Egito antigo e, ao ser atualizada, pode chegar a uma redução de até seis graus Celsius.
“A execução é um pouco diferente da usada antigamente. Nós acrescentamos alguns materiais naturais para melhorar o desempenho dessa parede, como a palha de arroz que aumenta a resistência, assim como a água de cupim”, detalha Wessicley.
Regulamentação
Apesar de serem possibilidades conscientes, existem normas a serem seguidas na construção civil, como materiais usados, relação entre patamares técnicos de temperatura e conforto no interior das edificações. Com isso, a engenharia de hoje se desdobra para equilibrar a questão sustentável e seguir as diretrizes estabelecidas.
“A norma de maior peso na construção civil é a NBR 15.575, que trata do desempenho das edificações, que incluem também o conforto térmico e acústico”, relata a arquiteta Analu Arantes.
Por fim, a arquiteta ainda critica a postura das construtoras, que buscam cumprir apenas o mínimo estabelecido, sendo que o conforto térmico ideal implica no aumento do custo de construção e composição da estrutura do edifício.
“É necessário a atenção para o uso de materiais que também proporcionem o conforto em toda sua vida útil, porque não adianta apenas não ser nocivo ao meio ambiente se não seguir a norma”, completa.
Repense
Esta reportagem integra a série Repense Clima desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos à sustentabilidade, produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Ação Contra a Mudança Global do Clima”.
*João Vitor Simões é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a PUC Goiás sob supervisão do jornalista Samuel Straioto.
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