Junção do vôlei convencional com um esporte alemão praticado por pessoas com pouca mobilidade (sem rede) chamado sitzbal, o vôlei sentado é a união das duas modalidades. Com as regras do vôlei, o esporte é disputado oficialmente desde as Paraolimpíadas de Arnhem-1980, na Holanda.

Quando entrou no programa paraolímpico, o vôlei sentado dividia espaço com a modalidade disputada em pé. Após 24 anos, a modalidade ganhou destaque a partir dos Jogos de Atenas-2004, quando o vôlei paraolímpico passou a ser disputado.

Com conquistas importantes, como as duas medalhas de bronze no feminino – Rio 2016 e Tóquio 2020 – e o primeiro lugar no Campeonato Mundial da Bósnia 2022, também com as mulheres, a categoria se tornou uma potência paralímpica com o surgimento de novas jogadoras.

O esporte em Goiás

Podem competir no vôlei sentado jogadores amputados, paralisados cerebrais, lesionados na coluna vertebral e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora. Uma das regras principais do esporte é que os atletas não podem bater na bola sem estar em contato com o solo.

No vôlei sentado feminino, são duas equipes que representam o estado de Goiás: a Adfego – Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás – e a Aspaego – Associação Paralímpica do Estado de Goiás, que foi representada no Podcast Debates Esportivos, pela atleta Adria Jesus e o técnico José Agtônio Guedes. Com experiência de quem já disputou mundiais e olimpíadas com a seleção brasileira, a dupla bateu um papo com os apresentadores Wendell Pasquetto e Charlie Pereira sobre os desafios da modalidade.

Confira o programa na íntegra

“Goiás hoje é referência do vôlei sentado feminino no Brasil. Das três melhores equipes do país, duas estão aqui, a Adfego e a Aspaego. Também temos equipes masculinas. O estado de Goiás conquistou recentemente um belo resultado nas paralimpíadas escolares, com um vice campeonato, perdendo para São Paulo na final. Ou seja, os jovens estão começando a chegar cada vez mais cedo para as modalidades paralímpicas”, explicou José Agtônio Guedes.

Guedes também explicou que toda preparação feita na Aspaego, é direcionada ao calendário nacional e internacional, pois só existem duas equipes no Estado, o que impossibilita um campeonato local. Mesmo são assim, a associação conta com quatro atletas da seleção feminina um da seleção masculina.

“Disputamos as competições nacionais, mas temos o foco na preparação para seleção brasileira, pois aqui, diferente de países como China e Estados Unidos, não temos uma seleção permanente”.

Histórias

E são muitas as histórias de superação dos atletas paralímpicos brasileiros. No caso de Adria Jesus, não é diferente. “Esse esporte mudou a minha vida”, que teve uma de suas pernas amputadas por causa de um acidente de trânsito em Goiânia.

“Foi um acidente de moto aos 16 anos, mas só conheci o esporte depois de três anos. Não fui diretamente para uma associação, ficava mais escondidinha dentro de casa. Soube do esporte paralímpico quando fui para o mercado de trabalho, na Adfego. Foi então que conheci o Guedes e ele me fez o convite para jogar”, lembrou Adria, que na ocasião, não tinha noção alguma sobre a modalidade.

“Eu não sabia fazer manchete, sacar… Foi um desafio muito grande quando o Guedes fez o convite”.

Inclusão

Além do aspecto competitivo, afinal o Brasil é hoje uma das potências paralímpicas mundiais, tem a inclusão das pessoas com deficiência, algo que na opinião do técnico José Agtônio Guedes, é um dever dos treinadores hoje em dia.

“Hoje podemos considerar que os grandes treinadores do esporte paralímpico no Brasil, eles têm um papel muito importante não só formação de atletas. Eles também têm um papel muito importante na divulgação do esporte paralímpico e, principalmente, fazer com que as pessoas que têm algum tipo de deficiência, consigam enxergar a vida de uma forma diferente”.

“Por exemplo, o esporte na vida da Adria, proporcionou uma mudança na sua perspectiva de vida. Em relação a parte acadêmica, financeira, social, em vários aspectos da vida humana, que melhoram a partir do momento que a pessoa com deficiência passa a praticar esportes”, completou Guedes.

Paris 2024

E com o vôlei sentado feminino com vaga garantida nos jogos paralímpicos Paris 2024, cresce o interesse pela prática esportiva como destacou o técnico José Agtônio Guedes. no caso de Adria, é o momento de se preparar e estar pronta para a convocação final. Exemplo de superação, a atleta não se vê fora das quadras. Pelo menos até Los Angeles 2028.

“Estou com 40 anos. Sei que vai chegar uma fase que os treinos vão ficar mais difíceis, o corpo vai “gritar” mais um pouquinho, mas quero estar em Los Angeles”, finalizou Adria.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): ODS 3 – Saúde e bem-estar, ODS 10 – Redução das desigualdades e ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes

Debates Esportivos

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