O décimo mês do ano chegou, e com ele uma das campanhas mais importantes do ano. Ao longos próximos 31 dias, ações do Outubro Rosa são realizadas com o objetivo de promover a conscientização sobre a importância do autoexame e diagnóstico precoce do câncer de mama. Mas esse trabalho acaba esbarrando na cobertura desse tipo de procedimento no país, como explica o mastologista do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ), Regis Resende, em entrevista ao Sagres em Tom Maior #110 desta quinta-feira (1º).

“No Brasil temos uma cobertura só de 20%. De 70% que seria o preconizado, nós fazemos só 20%. Isso já traz efeitos no consultório, na clínica privada. Nós vemos muitos tumores iniciais em que o tratamento é muito simples, muitas vezes não necessita de quimioterapia nem de retirar a mama. No SUS, por outro, a gente ainda muitos casos avançados, tumores que a paciente tem que começar fazendo a quimioterapia para depois retirar a mama, tratamentos muito mais agressivos, e a chance de sobrevida, de cura, bem menor”, afirma.

Fatores hereditários podem ser determinantes para casos de câncer de mama. . No entanto, segundo Regis Resende, a doença pode acometer mesmo quem jamais teve registros na família.

“Na grande maioria dos casos, pode acontecer por acaso, com qualquer pessoa, inclusive em homens, apesar de ser de forma muito mais rara. Todas as mulheres têm de tomar cuidado, independente dos fatores de risco”, alerta.

Só no Brasil, foram estimados 66.280 novos casos de câncer de mama em 2020, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer, o Inca. Exames preventivos e de colo de útero são fundamentais para o diagnóstico precoce e que aumentam as chances de cura da doença em até 95%. A mamografia é o exame capaz de identificar lesões que não são palpáveis, ou seja, que o exame de toque não é capaz de localizar. Já o Papanicolau é responsável pela checagem da saúde uterina da mulher.

Infelizmente, menos de 30% das mulheres brasileiras realizam a mamografia conforme a indicação médica, que seria anualmente, ou a cada dois anos. E apenas 16% realizam exames ginecológicos, número que representa aproximadamente metade do mínimo indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O mastologista do HJA reforça os fatores que podem contribuir para o aparecimento deste tipo de câncer, tanto em mulheres quanto em homens.

“Ter outros casos de câncer de mama e de ovário na família, não ter tido filhos ou ter tido filhos em uma idade a partir dos anos. Bebida alcoólica aumenta a chance do câncer de mama, uso de alguns medicamentos, por exemplo hormônios por período prolongado. Outro fator de risco é a obesidade. Mulheres acima do peso que não fazem atividade física, também vão ter mais chance de ter câncer de mama”, enumera.

Confira a entrevista na íntegra no STM #110