A situação vivida pelo Alan Mineiro no Vila Nova tem me chamado atenção. Quando o jogador voltou do período de contusão, imaginei que fosse feito com ele, pelo técnico Bolívar, o que se faz com todo grandes jogadores dos elencos: voltando ao time aos poucos, com avaliação pessoal anotada, para corrigir nos treinamentos as falhas pela falta de ritmo de jogo. Com isto o jogador vai ganhando a autoconfiança e recuperando a capacidade de realização dos fundamentos, perdida no período do afastamento.

Sempre quando desconfio de uma situação procuro checar e com meus próprios olhos, para não colocar meus colegas em contenda que não é deles. Para isto é preciso, de forma discreta, comparecer nos treinamentos (quando se trata do time), ou pesquisar papéis (quando se trata de gestão, seja lá em que departamento for). Desta vez não está sendo possível realizar o trabalho como gosto em função da pandemia. Com meus bem vividos 60 anos e recuperando de um pequeno problema pulmonar, estou no grupo de alto risco da Covid-19.

Além desta particularidade, os treinamentos das equipes estão sendo com portões fechados, em sistema de isolamento, em cumprimento do Protocolo da CBF, para o enfrentamento à pandemia. Desta forma vou pontuar aqui alguns questionamentos. Naturalmente estes questionamentos não nasceram do mero gosto por questionar – não tenho gosto nisto, mas pelo que tenho assistido.

Voltando da contusão o técnico Bolívar foi colocando o Alan em finais das partidas para ir ganhando ritmo de jogo e a autoconfiança. É o certo. Depois o Alan apareceu no time titular e na oportunidade eu disse, no Sistema Sagres de Comunicação, que aquela não era a forma certa: estava fora de hora e da ordem necessária. O Alan estava sendo jogado às cobras sem cumprir as etapas para a recuperação técnica, física e emocional. São aqueles treinamentos específicos que a comissão técnica tem de ministrar para o jogador de longo período de inatividade quando está voltando, de que falei lá atrás. Isto não havia sido feito: “Corre risco do Alan ser queimado” – cheguei a afirmar no ar.

Avalio a qualidade técnica do Alan como a melhor do elenco do Vila Nova. Sua trajetória no Clube já mostrou que ele é capaz de definir um jogo em um lance (já fez isto várias vezes no Vila). Isto tudo me fez considerar que seria ele, o Alan Mineiro, o grande reforço do Vila Nova a partir da segunda fase do Campeonato Brasileiro da Série C.

Dito e feito. Colocado no time titular sem o devido preparo, ocorreu o que qualquer estudioso de futebol sabia que ocorreria: ele foi mal. Logo veio a retirada do time e aos poucos ele vai desaparecendo da formação titular e a participação nos jogos é sempre em situações extremas: de necessidade para resolver a situação, ou de entrar por entrar num momento em que não se pode fazer mais nada.

Vejo o Alan com dificuldade nas finalizações e bolas paradas – nós sabemos da qualidade dele na batida na bola. Esta dificuldade é treinamento e aqui vai o primeiro questionamento: “Será que a comissão técnica do Vila elaborou um esquema de treinamento específico para o Alan? Pelo menos ele está sendo aproveitado como os outros quando este tipo de treinamento ocorre?”

Todas as vezes que o técnico Bolívar é questionado sobre o aproveitamento do Alan, solta palavras evasivas como resposta e quem perguntou continua sem saber. O fato é que o tempo vai passando e o Alan continua no mesmo estágio do dia da volta ao time, dando a impressão que quem ganha do clube para treinar o elenco, não está cumprindo a obrigação com o Alan.

Todos sabem minha avaliação da capacidade profissional do técnico Bolívar: o acho um técnico muito aquém do tamanho do Clube. O Vila Nova é muito maior do que o treinador. Avalio que ele escala mal, que deixa muito a desejar sobre posicionamento tático e sobre o aproveitamento do atleta dentro do seu perfil. Demonstra incapacidade de leitura de jogo. Dá a impressão de que não estuda o adversário para elaborar a forma de jogar do seu time.

Se isto não bastasse, não faz questão de esconder o protecionismo aos jogadores que indica para contratação e a indiferença com a qualidade dos atletas da casa. Pergunto: “Qual técnico de futebol que tem no seu elenco o garoto Caíque e o Rodrigo Alves, deixaria de escalar o primeiro, um atacante rápido e habilidoso que abre com muita facilidade espaço na defesa adversária, para escalar o segundo, um jogador pesado, com muita dificuldade para dominar a bola e se posicionar de forma correta em relação à posição da bola na origem da jogada, para dar a quem está com a mesma, condição de sequenciar o lance com ele?”

Outra pergunta: “Qual treinador colocaria um goleiro com várias deficiências de fundamentos como o Marcão para substituir o Fabrício, tendo o Clériston no elenco?” Isto contando, o Marcão havia chegado naquela semana.

“Por que será que jogadores como o Francis (que foi dispensado por deficiência técnica) conseguem ser titulares no Vila Nova e o garoto João Pedro, grande destaque do time sub-23 da agremiação, nunca foi convocado para um jogo?”

Por tudo isto avalio a capacidade do treinador vilanovense aquém do que o time precisa para não correr risco de não subir para a Série B neste ano.

Mas minha preocupação maior nem é com a avaliação que tenho sobre a capacidade do Bolívar, mas ao trato que venho notando que o principal jogador do elenco, o Alan Mineiro, vem recebendo e a diretoria vilanovense precisa olhar para estes apontamentos que estou fazendo, sob pena de fazer todo o esforço que está fazendo, não ter um reforço fundamental como o Alan na reta decisiva da Série C, e amargar a disputa da mesma Série para o ano que vem.