Esta história que treinador não ganha jogo é uma das justificativas mais malandras que o futebol já inventou – serve para os incompetentes justificarem as más atuações da suas equipes, jogando a culpa para as costas dos jogadores que eles mesmos escalam e treinam. Treinador ganha e perde jogo, se assim não fosse não seria necessária a sua presença nos times.

Uma destas provas foi a derrota do Atlético para o Goiás. Marcelo Cabo do Atlético levou um banho tático do jovem Glauber Ramos do Goiás. O Goiás sabia como o Atlético jogaria e armou um esquema para aproveitar os passes longos e a lentidão do combate na área do Atlético, que funcionou com perfeição porque Marcelo Cabo não deu conta de neutralizar o que o Goiás planejou e praticou e não deu conta de fazer o time jogar.

Numa entrevista antes do jogo, para o Sistema Sagres de Comunicação, Marcelo Cabo deu uma justificativa das mais vexatórias que já ouvi no futebol: – “Estou escalando o João Vitor no lugar do Gilvan porque o João é um dos zagueiros mais rápidos do futebol brasileiro”.

Como o assunto é futebol profissional e não maratona, esta desculpa até ridiculariza o treinador, que tem comigo prestígio de profissional competente.

Da própria boca do presidente Adson Batista já ouvi de que no Atlético o treinador tem toda a liberdade para escalar o time e sendo assim a cobrança por uma barrigada como esta de escalar um jogador imaturo, desatento e inseguro (performances naturais nos jovens atletas e o João Vitor tem apenas 21 anos) no lugar do Gilvan, um dos melhores zagueiros do futebol goiano de todos os tempos, só pode ser feita ao treinador do time.

Foi o “ágil” João Vitor que facilitou a vida do Goiás. Estava a jogada com o Rafael Moura e quando a bola foi tocada de lado para o Jefferson realizar a virada de jogo, o “rápido” João Vitor parou e ficou observando o Rafael Moura (com toda sua lentidão) ir para debaixo das traves para receber a bola que veio da direita e fazer o gol. Justificativas com palavras não mudam a realidade dos fatos mas podem mudar o resultado de um jogo e mudaram.

Não sei o que há com este menino João Vitor no Atlético. Jogador que pertence ao Corinthians, que já falhou inúmeras vezes neste Brasileiro e que é titular seja lá com que técnico for. Já fez gol-contra, já fez pênalti, já entregou gols por mais de uma vez, falha com muita frequência e não sai do time. É um mistério e precisa ser desvendado pois a torcida não é obrigada a ver um jogador com a qualidade técnica que tem o Gilvan no banco de reservas, com o João Vitor entregando jogos sucessivamente.

É falta de respeito com o futebol que o Gilvan joga, com a história dele no clube e com a torcida, que a exemplo da crítica esportiva, não consegue entender esta titularidade. A escalação do João Vitor foi um erro, mas ocorreram outros cometidos pelo Marcelo Cabo.

O atacante Janderson levou uma entrada dura do volante Breno e desapareceu do jogo. Na gíria do futebol costuma se rotular jogadores assim como “pipoqueiros” e mesmo desaparecido do jogo ele não foi substituído.

Outro que deveria ter ficado nos vestiários no intervalo foi o atacante Zé Roberto que a exemplo dos jogos anteriores não conseguiu jogar e também ficou no time até o final do jogo. Saíram no Atlético o Ferrareis para a entrada de Danilo Gomes, o Nicolas para a entrada do Roberson, o Matheus Vargas para entrada do Rithely e o Dudu para a entrada do Arnaldo. O técnico atleticano mexeu nas duas laterais, no meio-campo e no lado esquerdo do ataque, mas no ataque propriamente dito, onde as coisas não estavam funcionando ele não teve a competência para mexer.

Parece que Marcelo Cabo teve uma miopia momentânea e não estava vendo o jogo. Sem uma referência de vigor na área, ele insistiu no chamado chuveirinho (bola levantada do lado de campo para dentro da área). Naturalmente não houve nenhum cabeceio no gol do Goiás – a zaga tirou todas as bolas.

No banco de reservas do Atlético estava o atacante Júnior Brandão alto, forte, boa impulsão e bom cabeceador. Se a opção era o chuveirinho o atacante só poderia ser o Júnior Brandão, mas este não entrou no jogo.

Com tudo isto o Goiás, com um canhoto que joga no meio-campo, o Shaylon improvisado de lateral direito, com dois atacantes de área lentos, o Fernandão e o Rafael Moura, e na lanterna do campeonato, ganhou do Atlético no seu estádio e com todo o merecimento do mundo.

Mais organizado taticamente, mais determinado na disputa de cada bola e com alterações acertadas feitas pelo técnico Glauber Ramos, o placar acabou ficando barato para o Atlético, pois o Goiás ainda teve um golaço do Fernandão anulado, em outra falha dos dois zagueiros (João Vitor e Éder) e para sorte do clube rubro-negro o atacante do Goiás estava impedido.