São mais de duzentos dias no comando do Goiás e só agora o presidente Marcelo Almeida admitiu que há zona de conforto no clube, coisa que todos nós sabíamos existir, principalmente na diretoria, onde a amizade foi determinante no critério de escolha das pessoas que ali estão. 

Na partida de sábado em Fortaleza, onde o Goiás foi derrotado por 3 a 0, o presidente afirmou que acabaria, a partir dali,  a tal zona de conforto, deixando claro que a falta de comprometimento de alguns é o que tem prejudicado o alviverde.

No clube, de uma forma geral, o que se percebe é uma equação nada sustentável: muitos gastos e poucos resultados. Essa tem sido a tônica.

Treinador que tinha história no clube, diretor de futebol que foi exemplo como jogador, auxiliar do presidente que bateu o recorde de jogos com a camisa número um, um trio que para a diretoria estava na medida certa para cuidar do futebol e devolver a Série A para o Goiás.

A conquista do campeonato goiano parecia ser o primeiro passo, mas isso outros dirigentes conseguiriam, afinal tem sido assim nos últimos anos, com um campeão sem forças no brasileiro.

A campanha na Série B é medíocre, mostrando uma equipe perdida, sem saber que rumo tomar. Um treinador que saiu por exigência da torcida, outro que chega com a missão de recuperar o tempo perdido, num vai-e-vem que amedronta e não resolve.

É preciso dizer que a história de alguns, destes que estão no comando do clube, não necessariamente os credencia  a um bom trabalho. É preciso ter competência, ser ousado e, ao mesmo tempo, saber gastar.

Uma caça às bruxas nesse momento pode até piorar a situação com o aumento dos gastos, antecipando um caos financeiro que se aproxima com o distanciamento da Série A. Dinheiro na mão de quem não sabe gastar é vendaval. Futebol dirigido apenas com convicções que não se convertem em ações, é certeza de fracasso. 

Há tempo para uma recuperação do time, mas é preciso sabedoria pra isso acontecer. Ações desprovidas de vaidade, cabeças pensantes e mãos pesadas para decidir são necessárias, além, claro, de um planejamento adequado para o novo treinador conseguir mostrar o seu trabalho. Do contrário, que se prepare alguém fora de campo, visando um modelo diferente de administração, sem o jaleco branco no corpo e o estetoscópio pendurado no pescoço.