O Brasil ocupa a segunda posição global no número de defensores do meio ambiente assassinados em 2023, de acordo com o relatório divulgado pela ONG Global Witness na terça-feira (10). No total, foram 196 mortes no ano passado, sendo que aproximadamente 50% das vítimas eram indígenas.

Cerca de 70% desses assassinatos estão concentrados em quatro países: Colômbia, Brasil, Honduras e México. A Colômbia lidera como o país mais letal, com 79 mortes em 2023, o maior número anual registrado pela Global Witness desde 2012. O Brasil vem logo atrás, com 25 mortes, somando um total de 401 defensores mortos entre 2021 e 2023. Em 2022, o país registrou 34 mortes.

Segundo a instituição, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “enfrentou grandes expectativas para reformar as políticas regressivas introduzidas por seu antecessor, Jair Bolsonaro, cuja presidência foi caracterizada por leis que abriram a Amazônia para exploração e destruição”.

“Essas políticas alimentaram invasões ilegais de terras indígenas e enfraqueceram os planos do país para reduzir as emissões. Até o momento, houve progresso. O governo restaurou o financiamento para proteger a Amazônia e restabeleceu a agência de assuntos indígenas que Bolsonaro desmantelou”, completa o relatório.

Congresso conservador

Apesar disso, a agência ressalta que os avanços ainda enfrentam um “congresso conservador dominado por ruralistas, que apoiam os interesses dos proprietários de terras privadas em detrimento da reforma agrária pública”.

A ONG aponta que a mineração é uma das principais causas dos assassinatos, superando atividades como pesca, extração de madeira, agronegócio, construção de estradas, infraestrutura e energia hidrelétrica. Na América Latina, 23 dos 25 assassinatos globais relacionados à mineração ocorreram em 2023. Já entre 2021 e 2023, 40% dos assassinatos ocorreram na Ásia, onde há grandes reservas minerais.

“Em todos os cantos do mundo, aqueles que se atrevem a expor o impacto devastador dos setores extrativistas – desmatamento, poluição e apropriação de terras – enfrentam violência e intimidação”, afirma Nonhle Mbuthuma, autor do prefácio do relatório e ganhador do Prêmio Goldman de Meio Ambiente 2024. 

“Isso é especialmente verdadeiro para os povos indígenas, que são essenciais na luta contra a mudança climática, mas são alvo de ataques desproporcionais ano após ano. No entanto, a brutalidade desses ataques revela algo profundo: o poder que as pessoas comuns exercem quando se unem pela justiça”, afirma.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes; ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação

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