O Programa Nosso Melhor tem uma tendência a divulgar práticas sustentáveis que contribuam para a prosperidade dos negócios. Neste cenário, existem produtores rurais recebendo para manter a floresta em pé! Será que o Brasil conseguirá preservar seu tesouro verde com tantas pressões econômicas?
Para trazer luz a este assunto, entrevistei Maria Tereza Umbelino, a empreendedora de maior destaque neste novo contexto, que tem encontrado soluções originais para chegar a uma equação viável entre prosperidade e sustentabilidade.
Maria Tereza é CEO e fundadora do Grupo BMV (Brasil Mata Viva), economista e especialista em gestão de finanças. De origem rural, viu a necessidade de empresas investirem em Governança Ambiental e Social (ESG, em inglês) como forma de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de onde atuam. Essas práticas têm atraído cada vez mais olhares de investidores na hora de escolher em qual empresa investir.
Uma destas estratégias de ESG é o crédito de floresta. Trata-se de remunerar quem possui uma terra com natureza preservada para que ela se mantenha protegida, capturando carbono na atmosfera. Os benefícios dessa pratica incluem ainda a proteção à biodiversidade, conforto climático, manutenção dos recursos hídricos e vários outros que, conforme Maria Tereza, somam 27.
E não confundamos esta ferramenta com o já conhecido crédito de carbono. O crédito de floresta contempla o carbono e inclui outros coeficientes ambientais. Além disso, o crédito de carbono vem para reduzir um passivo ambiental, enquanto o crédito de floresta atua como um ativo, que é a própria mata.
O impacto do crédito de floresta na receita de um produtor rural é enorme. Em Goiás, as áreas de proteção permanentes (APPs) e reserva legal correspondem de 20% a 30% da área total. O argumento defendido pelo setor rural é de que a manutenção destas áreas verdes traz prejuízo aos seus negócios (o que já sabemos que não é verdade, pelo contrário). Por outro lado, o benefício causado pela preservação destas áreas protegidas é usufruído por todos, no campo e na cidade, daí a importância de se remunerar este produtor, que precisa cuidar dessas áreas, o que tem seu custo também.
É aí que entra a grande jogada. O valor anual pago por hectare de floresta preservada é o relativamente o mesmo que o produtor receberia em sua atividade agropecuária. Ora, então, por que não preservar?
Em alguns casos, é possível conciliar a mata preservada e algumas atividades econômicas sustentáveis. Tudo depende de uma métrica a ser calculada pelo uso do solo, gerando equilíbrio entre a preservação ambiental e a atividade rural. Além disso, um produtor que preserva e produz em uma mesma propriedade, dispõe de duas rendas, gerando qualidade na sua produção e segurança contra intempéries da safra e do mercado.
O crédito de floresta nasceu de uma goiana e está presente em mercados internacionais. Criou marcos regulatórios do Banco Central do Brasil, na forma de precificar e certificar seus contratos. Outras soluções também estão disponíveis com foco na redução das mudanças climáticas, cada uma do seu jeito.
A empresa que investe no crédito de floresta mostra o benefício que ela gera à sociedade, renovando os recursos naturais que utilizou na produção de seus produtos e serviços. Por isso, essas empresas recebem um selo de certificação internacional com base em auditorias ISO, mostrando qual produtor ou comunidade foi preservada e como estes recursos foram usados.
Pequenas empresas também têm seu espaço na qualificação ambiental. O Sebrae está trabalhando para que possam investir e colher os frutos desta iniciativa onde todos ganham.
Assista ao programa completo Brasil, Tesouro Verde:
Temas abordados
– Empresas com ações em ESG atraem mais investimentos
– Crédito de floresta: receber para manter a mata viva.
– O impacto do crédito de floresta na receita de um produtor rural
– Produtor que preserva e produz tem duas fontes de renda.
– Programa Tesouro Verde: iniciativa nacional que conquista o mundo.
– Certificação verde vai muito além de um selo na propaganda.
– Pequenas empresas também têm seu espaço na qualificação ambiental.