Foto: Reprodução

Na semana passada, torcedores brasileiros se envolveram em uma polêmica na Rússia, na qual gravaram um vídeo com uma torcedora russa, que não fala português, usando expressões de baixo calão e de cunho machista, e fazendo a mulher repetir tudo sem saber o que estava dizendo.

O vídeo ascendeu um debate a respeito do machismo no futebol em todo o mundo. Sobre este asusnto, a advogada e vice-presidente da Comissão Especial de Valorização da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), Thaís Moraes, a socióloga e militante feminista, Ava Santiago, e a jornalista da Sagres 730, Cecília Barcelos.

Para Ava Santiago, além da exposição, os indivíduos que aparecem no vídeo romperam o que ela analisa como sendo uma película do constrangimento.

“Eles tomaram essa iniciativa. Cometeram essa violência, filmaram e divulgaram, como se fosse um troféu. Se trouxermos um caso do cotidiano, em que um determinado marido mexe com uma mulher na rua. Ao chegar em casa, a esposa ou filha pergunta ‘Marido/pai, você mexeu com alguma mulher na rua?”, obviamente ele vai negar, ele tem essa película do constrangimento de pensar ‘eu faço isso, gosto disso, mas não vou ficar admitindo isso em qualquer lugar. Nestes casos que estamos discutindo, essa película sequer sobreviveu. Eles romperam essa película e fizeram o seguinte ‘isso é algo que eu devo me orgulhar’”, analisa.

Ouça o debate na íntegra com a apresentação de Cléber Ferreira

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Os brasileiros identificados no vídeo são o policial militar de Lages, Santa Catarina, Eduardo Nunes, o advogado e ex-secretário de Turismo da cidade de Ipojuca, região metropolitana de Recife, Diego Valença Jatobá, o engenheiro civil Luciano Gil Mendes Coelho e o estudante Wallace Prado, de 23 anos, este último segundo o portal de notícias UOL.

Um homem que também aparece no vídeo mas que preferiu não se identificar enviou nota o jornal Folha de São Paulo, disse que está arrependido do que fez. “Entrei de gaiato na história. Foi uma brincadeira de muito mau gosto. Lamento ter aparecido nisso, mas brasileiro, quando vê uma câmera, quer se meter na frente”.

Sobre Eduardo Nunes, a PM de Santa Catarina disse que assim que o policial retornar ao trabalho, passará por um processo administrativo para apurar os fatos e quais medidas deverá adotar, e informou que classifica o episódio como lamentável, que não corrobora com a atitude e que incompatível com a profissão.

A respeito de Diego Jatobá,  a OAB declarou que vai abrir um processo de investigação no tribunal de ética e disciplina da entidade contra o advogado. Se ficar constatada a má conduta, o homem deverá ser excluído do quadro da ordem.

Em entrevista ao portal de notícias G1, Luciano Gil Mendes Coelho disse “Já pedi desculpas a todas as mulheres. Todos nós somos seres humanos e erramos. Além disso, não conhecíamos ninguém, bebemos um pouco mais da conta e foi isso. Alguém que não conheço filmou. Mas aqui todos estavam brincando e todos entendem a agitação, mas mulheres realmente tem razão em questionar”.

A reportagem do Sagres On não conseguiu contato com o estudante brasileiro Wallace Prado.