No Brasil, são registrados, em média, 14 mil casos de suicídio anualmente, o que corresponde a cerca de 38 por dia, de acordo com dados com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O levantamento ainda aponta que entre pessoas de 15 a 29 anos essa é a quarta principal causa de mortes no país. 

Em alusão ao Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio, o Centro Estadual de Atenção Psicossocial e Infanto-Juvenil (CAPSi) Alegria, localizado em Aparecida de Goiânia, realiza diversos serviços e ações educativas. 

Nesta sexta-feira (16) foi promovido o “Dia D”, que reuniu dezenas de pessoas. As atividades começaram com uma blitz educativa na Avenida Jataí, no Jardim Bela Vista, e terminaram às 11h30, na Praça Céu das Artes, no Parque Flamboyant.

Após a blitz, o grupo caminhou pela Avenida Bela Vista ao som de tambor e pandeiro, carregando balões e faixas sobre o Setembro Amarelo até chegar à Praça Céu das Artes. Após oficinas de artesanato com E.V.A (Borracha não tóxica) e de auriculoterapia, os participantes assistiram a um curta metragem produzido por usuários do CAPSi e participaram de uma roda de conversas com estagiários de Enfermagem. 

O secretário de Saúde de Goiás, Alessandro Magalhães, afirmou que é fundamental debater o suicídio com o cuidado científico e humanitário que o tema exige, pois o fator é uma das principais causas de morte em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Vidas transformadas

Sergina Martins Aguiar, moradora do Setor Mansões Paraíso, relatou que o filho dela, João Vitor Machado de Aguiar, 17 anos, é atendido no CAPSi há sete meses e tem se sentido melhor com os tratamentos. Ela destacou a importância da participação familiar e contou que acompanha as atividades terapêuticas do filho sempre que possível. 

“Há muitas dores do corpo e da alma que não conseguimos resolver e o pessoal da Saúde Mental nos ajuda a desenvolver soluções e a aliviar as angústias. Eu gosto muito do CAPSi, lá tem bom atendimento e os funcionários são muito legais e tratam bem a todos, com respeito e cuidado. Lá não existe a indiferença”, disse a mãe de João Vitor.

O adolescente destacou também que eventos como esse que o “deixam muito feliz e que incentivam várias outras pessoas a se cuidarem também”.

Apoio, tratamento e integração

O CAPSi Alegria funciona de segunda a sexta-feira, na Rua 29, no Jardim Bela Vista. Para ser atendido, não há necessidade de encaminhamento, basta ir direto ao Centro. As crianças e adolescentes passam por uma triagem, momento em que é analisado se tem o perfil do CAPSi ou se podem ser encaminhados para outra unidade da rede. 

São atendidas pessoas de 2 a 18 anos de idade com transtornos mentais e psicossociais de moderados a graves com grupos terapêuticos, terapia individual, além de atividades extra-muros e outras abordagens.

Prevenção ao suicídio

A diretora do CAPSi Alegria, Christiane Branquinho, destacou que “vivemos num mundo no qual as pessoas têm dificuldade para lidar com as pressões do dia-a-dia e isso gera muita ansiedade e frustrações”. “Aí, há quem pense que a saída é o suicídio”, afirmou. 

Já Eurides Santos, coordenadora do CAPSi, reiterou que mostrar aos pacientes que eles não estão sozinhos é fundamental. “Dizemos sempre para nossos pacientes que eles não estão sozinhos. Temos uma equipe inteira à disposição para prestar o apoio necessário”. 

A integração dos pacientes com suas famílias e com a comunidade faz parte do tratamento psicossocial, de acordo a neuropsicóloga Aline de Oliveira. “Por isso, trazemos os profissionais e nossas abordagens terapêuticas para as atividades rotineiras das pessoas para que elas sejam as protagonistas do próprio processo de saúde mental. Sempre que podemos, realizamos eventos para promover essa integração, que é muito positiva para todos os envolvidos”, concluiu a neuropsicóloga.

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