O Programa AlfaMais Goiás é a política educacional goiana voltada para a alfabetização na idade certa. Criado em 2020, o programa dialoga com o Ministério da Educação (MEC), que apoia o compromisso conjunto de estados e municípios para que as crianças alcancem a alfabetização no segundo ano do Ensino Fundamental. Apesar do projeto, Goiás fechou o ano de 2022 com quase 45% das crianças não alfabetizadas na idade certa.
“Nós terminamos o ano de 2021 com 49% dos alunos alfabetizados plenamente. E a gente diz que eles estão num nível avançado de alfabetização no final do segundo ano. No ano de 2022, nós concluímos com 56% e a expectativa é que nesse ano de 2023 a gente consiga avançar ainda mais nesse processo de avaliação”, afirmou Giselle Faria, superintendente da Educação Infantil e do Ensino Fundamental de Goiás.
A expectativa da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc) é atingir a meta de 100% na alfabetização entre as crianças do estado. Para atingir o resultado, a secretaria aplica através do Programa AlfaMais Goiás uma avaliação da aprendizagem no mês de dezembro. Giselle Faria destacou que os problemas ocasionados pela não alfabetização podem se arrastar para toda a vida escolar.
“Não se pode deixar nenhuma criança seguir a vida acadêmica dela sem saber ler e escrever porque quando isso acontece ela perde toda a oportunidade de aprender nos anos seguintes. Ela acaba perdendo a oportunidade de aprender os outros conteúdos e é prejudicada pelo resto da vida nos estudos e na vida escolar”, argumentou.
Alfabetização na idade certa
A alfabetização na idade certa deve ser alcançada no final do segundo ano do Ensino Fundamental. O assunto está em destaque em todo o país e virou tema de um seminário nacional realizado em Brasília na última semana. A Seduc realiza formações para os professores desde o ano passado. E é pensando nisto que a pasta está promovendo o 4° Encontro Formativo do Ciclo de Formação Continuada do AlfaMais Goiás desta terça-feira (26) até a sexta-feira (29).
“Todas as nossas formações tem um tema central. No ano passado foi o primeiro ano de formação e nós falamos sobre a aprendizagem no que diz respeito a um direito da criança, que é o direito à aprendizagem, isso já traz a Constituição Federal, esse é um direito de todos os estudantes”, afirmou Giselle Faria.
A edição deste encontro tem como tema a “Qualidade na Educação Goiana: acompanhamento de contextos e de aprendizagens”. O evento de abertura contou com uma palestra da professora Hilda Micarello, doutora em educação, especialista em alfabetização e coordenadora da Pesquisa INEP – Criança Alfabetizada. Um dos principais objetivos da palestrante com a palestra é trazer à discussão com as professoras as possibilidades para que a meta goiana seja alcançada.
“O segundo ano é uma etapa importante porque até o final desse segundo ano é necessário que as crianças tenham adquirido a base alfabética do nosso sistema de escrita para que elas possam prosseguir com sucesso nas etapas posteriores”, apontou.
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Crianças alfabetizadas
Hilda Micarello explicou que a alfabetização é uma aprendizagem inicial da leitura e da escrita. Portanto, é nesse momento que as pessoas aprendem que se usam letras para representar os sons da fala. No entanto, a professora apontou que a alfabetização representa muito mais.
“A aprendizagem também diz para que nós lemos e escrevemos na nossa sociedade. Apesar de para nós que já somos alfabetizados isso parecer algo muito simples, para uma criança é um processo complexo que requer um ensino bastante sistemático. E demanda por isso uma formação constante dos professores para conduzir esse processo com sucesso”, contou.
A agenda da alfabetização é importante e determinante para o desenvolvimento do país. Para Micarello, o maior desafio do Brasil em relação ao tema está no processo com a população mais vulnerável. “É um grande desafio a alfabetização principalmente das crianças das classes populares, das camadas menos favorecidas da nossa sociedade que tem um contato menor com a leitura e a escrita. E ela é um tema importante porque sem essa alfabetização não há sucesso nas etapas posteriores da escolarização e, portanto, não há desenvolvimento para o país. Um país precisa da educação para se desenvolver”, argumentou.
Ações promovidas em Goiás
O ciclo de encontros formativos promovido pela Seduc é para aprimorar as ações conjuntas do estado e municípios para a alfabetização. A política educacional faz parte da meta para atingir o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada e instaurar o Comitê Estratégico Estadual do Compromisso (CEEC).
Segundo a Seduc, serão realizados cinco encontros do ciclo até o mês de dezembro de 2023. Participam dos encontros os coordenadores regionais e secretários municipais de Educação e toda a agenda faz parte do Programa AlfaMais Goiás. Além da formação dos professores com os encontros, a superintendente Giselle Faria destacou diversas ações colocadas em prática no âmbito do programa.
“Nós temos ações em produção de material para todos os estudantes do segundo ano e do primeiro ano do Ensino Fundamental. Temos formação de professores e temos prêmios e incentivos”, disse.
No mês de agosto, a Seduc premiou 150 escolas públicas que se destacaram no programa de alfabetização. Faria explicou que 150 escolas com os melhores resultados receberam R$ 80 mil e outras 150 escolas que precisam melhorar os resultados receberam R$ 40 mil. “Uma escola premiada tem como desafio adotar uma escola, então nós temos trocas de experiências entre 150 escolas premiadas e apoiadas”, pontuou sobre a política.
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Ano de avaliação
Uma das principais ações em destaque no programa é o ICMS Educacional, que reserva 10% da distribuição do imposto diretamente aos municípios. “Desses 10%, 51% é matrícula, 47% é qualidade da educação, é nota e 2% é nível socioeconômico”, detalhou Giselle Faria.
O Programa AlfaMais Goiás construiu como política educacional para a alfabetização ações de formação, produção e distribuição de material, prêmios e incentivos no ICMS. Mas, segundo a superintendente da Seduc, a principal política para este ano é a avaliação do que está sendo feito diretamente no resultado da aprendizagem das crianças.
“Nós temos também um sistema de avaliação que avalia todos os estudantes no final do ano, mas também temos avaliações processuais. Temos a avaliação de fluência leitora, em que os estudantes leem em uma folha, o professor capta a leitura no celular e consegue dizer se esse aluno é pré-leitor, se é leitor iniciante ou leitor fluente”, explicou a superintendente.
A perspectiva da avaliação, detalhou Giselle Faria, vai lançar um olhar para os indicadores do programa e, com os resultados, a Seduc vai tomar providências para conseguir atingir a meta da alfabetização no estado. “A meta é alta, mas ela também é muito importante para as nossas crianças”, reforçou Faria.
Crianças e livros
A superintendente Giselle Faria apontou que o Programa AlfaMais Goiás fornece kits escolares e livros literários para fomentar a leitura entre as crianças desde os primeiros anos do Ensino Fundamental.
Hilda Micarello destacou que a formação dos professores é um passo muito importante para o processo de alfabetização, porém, para ser consistente será preciso estrutura e envolver ações articuladas com outros atores da vida das crianças.
“Esses profissionais precisam dispor nas suas escolas de boas condições para o trabalho com as crianças. A disponibilidade de bons livros de literatura, de ambientes propícios ao trabalho com a leitura e a escrita e de um envolvimento das famílias também com esse compromisso com a alfabetização”, afirmou.
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