Você já deve ter visto anúncios de clubes de leitura em algum feed de suas redes sociais. No meu, são vários. Literatura clássica, de fantasia, latinoamericana… Confesso que há alguns anos, sentia uma certa ansiedade em dividir os meus pensamentos “pós-leituras” com um grupo de “estranhos”. E se não gostarem dos meus comentários ou, quem sabe, alguém afirmar que não entendi muito bem o que o autor (a) tentou dizer?
Entretanto, esses receios começam a se dissipar no instante em que entendemos que, quando o cenário é a Literatura, não se trata propriamente de termos “as respostas certas”. Assim, quando “descobrimos” esse eterno não saber completamente, passamos a ter menos medo de entoar nossas opiniões em voz alta.
Porém, ainda que você possa ter nutrido pensamentos semelhantes a esses que citei, se está no terceiro parágrafo desta coluna, deve estar pensando em fazer parte de um Clube de Leitura e agora, a missão é descobrir — qual entre tantos?
Três clubes de leitura brasileiros (para diferentes gostos!)
1- Clube Latina Leitura
Recentemente, publicamos um texto sobre a leitura de escritores latinos. Nele, o pesquisador e produtor de conteúdo Vinícius Barbosa fez uma seleção muito bem apurada de autores latinos, dos mais aclamados aos ainda recém-descobertos por leitores. Fiquei feliz ao descobrir que ele criou uma comunidade de leitores, a “Comala”, que funciona como o Clube Latina Leitura.
No clube, você irá ler títulos como:
- “Respiração Artifical” (Ricardo Piglia)
- “Cachorro Velho” (Teresa Cárdenas)
- “Notícias de um sequestro” (Gabriel García Márquez)
2- Clube Leia Mulheres
Faça um breve exercício: dos livros armazenados em sua estante (ou no seu leitor digital!), quantos foram escritos por mulheres? Ainda em 2023, um dos principais vestibulares do país, o responsável pela entrada na Universidade de São Paulo (USP), anunciou que a partir de 2026 a lista de leituras obrigatórias terá apenas vozes femininas. A mudança vai de encontro com um padrão importante: tendemos a dar menos atenção às palavras de mulheres. Então, por que não escolher intencionalmente ler mais delas neste novo ano?
Nesse sentido, o Clube Leia Mulheres pode ser o espaço ideal para executar esse plano. Além do perfil principal do Clube, é possível acompanhar as páginas de diferentes cidades, e a participação é gratuita. Dessa forma, existem grupos que se reúnem em Goiânia, Rio de Janeiro e Recife, por exemplo.
No clube, você irá ler títulos como:
- “Caminhando com os mortos” (Micheliny Verunschk)
- “Casas Vazias” (Brena Navarro)
- “Apague a luz se for chorar” (Fabiane Guimarães)
3- Clube de Leitura Ubuntu
Por último, temos este Clube que nasce como um projeto de extensão do Instituto Federal de Educação de São Paulo (IFSP), no Câmpus Matão. A proposta é clara: “despertar o prazer pela Literatura Negra”. O cenário da literatura produzida por autores e autoras negras sempre foi efevercente, embora nem sempre associado desta maneira. No passado, temos Machado de Assis, mas ainda hoje, podemos comemorar a existência de nomes como Itamar Vieira Júnior e Conceição Evaristo.
No clube, você irá ler títulos como;
- “O olho mais azul” (Toni Morrison)
- “Quando me descobri negra” (Bianca Santana)
- “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola” (Maya Angelou)
A escolha
Para além dos três clubes citados, existem diversas comunidades espalhadas por todo o país (ou mundo, se você está em busca de treinar um novo idioma). Além disso, você pode optar por escolher um grupo que investe na leitura de livros e escritores dos quais você já tem proximidade. Ou ainda, por outro lado, investir na descoberta de títulos que nunca se aproximaram da sua estante.
No fim, o que vale é continuar lendo e, no caso dos clubes de leitura, estar aberto para compartilhar os seus “destaques” para além dos seus próprios pensamentos.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): ODS 4 – Educação de Qualidade.
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