Levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado no último final de semana, mostra que o valor da cesta básica aumentou em 2021 em 17 capitais incluindo Goiânia, que registrou alta de 5,93%.

Na capital de Goiás, o preço médio da cesta básica fechou o ano passado em R$ 597,24 o que corresponde a 58,7% do salário mínimo.

Em entrevista à Sagres, o economista Aurélio Troncoso explicou que o aumento dos preços no geral se deu em função ao aumento nos custos, e não na demanda pelos produtos.

“Tivemos um ano totalmente atípico com aumento de alimentos, combustíveis, da energia elétrica, chamados de inflação de custo, diferente da inflação de demanda. No Brasil a inflação ficou 5% acima da meta estabelecida. O produto está sobrando nas prateleiras, mas a população não tem dinheiro para comprar”, explica o economista.

Segundo Aurélio, uma vez que a inflação atinge os custos de produção em geral, o brasileiro começa a ter dificuldades se vive apenas com a renda de um salário mínimo.

“O novo valor do salário mínimo de R$ 1.212 é uma verdadeira vergonha, não comporta nem a inflação. Isso mostra que quem ganha uma salário mínimo no Brasil tem de fazer mágica para viver. O Banco Central está confundindo a inflação de custos com a inflação de demanda. Ao subir a taxa de juros, a inflação sobre junto, o que mostra um dos graves erros do governo”, revela.

O Dieese calculou ainda que para sustentar os custos básicos de uma família de quatro pessoas, por exemplo, com gastos em alimentação, educação, saúde, transporte, lazer e previdência, o salário mínimo deveria ser pelo menos R$ 5,8 mil, ou seja, cinco vezes o valor do salário atual.

Confira a entrevista completa:

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