Com questão sobre autoidentificação, Censo 2022 indica aumento da população indígena

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) obtidos através do Censo 2022 indicam um aumento da população indígena no Brasil. Esse aumento se deve, em partes, a uma nova pergunta do IBGE inserida no questionário no último censo: “Você se considera indígena”. Com a alta de 88,8%, a população indígena passa a representar 0,83% do total da população brasileira – o equivalente a 1,6 milhão de pessoas.  

A abordagem foi adotada pelo instituto em virtude de obter a resposta “indígena” à questão “qual a sua cor” e ainda pela observação de que muitas pessoas com ascendência indígena respondiam que sua cor é “parda”. A nova pergunta foi adicionada ao questionário de locais que embora não sejam oficialmente terras indígenas, a presença de povos originários é notória.   

“Essa diferença acontece porque as pessoas olham muito para a cor da pele quando essa pergunta (qual é sua cor?) é feita. Mas quando você faz a pergunta a mais (se a pessoa se considera indígena), isso abre para uma série de outros critérios de etnia que a pergunta sobre cor não responde”, afirma Tiago Moreira, pesquisador do ISA (Instituto Socioambiental), que ajudou o IBGE na formação da metodologia para o Censo. 

Em 2010 a população indígena era de 896,9 mil e representava 0,47% do total dos brasileiros. Para que a compreensão do aumento da população seja aprofundada, é necessário analisar os dados sobre natalidade e mortalidade das comunidades indígenas mas essas informações ainda não foram divulgadas pelo IBGE.  

No entanto, considerando a nova metodologia, é possível afirmar que ao menos parte da alta pode ser atribuído a um forte movimento de recuperação da identidade indígena, fortalecido nos últimos anos. 

“A gente tem um movimento antigo de recuperação dessa identidade, dos descendentes dos povos originários voltarem a se reconhecer, a prestar atenção nessa identidade, nessa ancestralidade”, diz Tiago Moreira, do ISA. 

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O Censo mostrou que a maior parte dos indígenas do Brasil — cerca de 63% — vive hoje fora dos territórios indígenas oficialmente limitados. A Terra Indígena Yanomami (AM/RR) é a maior do país, com 27 mil pessoas, o equivalente a 4,36% do total de indígenas em terras indígenas no país. Já a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), é a segunda maior do país com 26.176 habitantes indígenas. 

Neste levantamento 573 Terras Indígenas foram pesquisadas pelo Centro. Só foram consideradas as com o processo de regularização concluídos na ocasião. Com a rejeição da tese do marco temporal no Supremo a expectativa é que cerca de 300 processos de demarcação em curso sejam impactados.