Não tem capa dura, não tem cheiro, não envelhece, não desbota, não ocupa espaço, cabe na palma da mão e é possível levá-lo a qualquer lugar e acessá-lo a qualquer hora. Mesmo com todos esses benefícios, o livro digital, o chamado ebook, ainda está conquistando espaço entre os leitores que curtem o tradicional livro de papel. Tudo bem, certo?

A resposta é sim. De acordo a presidente da Primavera Editorial, Lu Magalhães, a mudança de hábito com as novas tecnologias é gradativa, mas sem necessariamente abandonar o papel. Ela enumera outras vantagens dos ebooks.

“Você pode comprar mais, tê-lo mais à mão. É uma questão de praticidade o livro digital. Quando você se joga nessa leitura, é muito simples ser atraído por ela, porque ela traz uma praticidade muito grande”, relata, em entrevista à Sagres TV, no programa Tom Maior desta quinta-feira (25).

À direita, Lu Magalhães, no programa Tom Maior (Foto: SagresTV)

Segundo Lu Magalhães, um levantamento feito pela Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro – realizada pela Nielsen Book e coordenada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e Câmara Brasileira do Livro – aponta que houve um crescimento de 7,7% nas vendas de livros digitais para o mercado nacional. De acordo com a presidente da Primavera Editorial, o dado significa que, descontada a variação do IPCA no período, o aumento real foi de 3,3%. O melhor resultado foi registado na venda de Obras Gerais, que obteve um aumento real de 14,8%.

Lu Magalhães não defende que haja uma competição entre os novos formatos de livros e os queridinhos das prateleiras físicas, mas fatores como a pandemia, por exemplo, que exige o isolamento social e faz da internet uma grande aliada por causa do e-commerce, pode consolidar ainda mais os formatos digitais. “Ainda há uma resistência”, afirma. “Mas se olharmos os números, os dados depois dessa pandemia, eu acho que não tem volta”, analisa.

De acordo com Lu Magalhães, só no ano passado, o setor livreiro produziu 395 milhões de exemplares, sendo que 80% deles foram reimpressões. O comparativo entre 2018 e 2019 revela que houve um aumento de 7,5% no número de títulos e 13% em exemplares. O faturamento foi de R$ 5,7 bilhões – R$ 1,6 bilhão é resultado das vendas para o governo. No ranking de gênero, o melhor desempenho, excetuando didáticos, está nos livros religiosos, seguidos por literatura infantil e adulta, respectivamente.

Para Lu Magalhães, o próprio comportamento do ser humano contemporâneo e sustentável pode acarretar em uma mudança de hábito na leitura. O audiobook, um primo próximo dos já conhecidos podcasts, pode atender a um público mais versátil e que não costuma ficar parado.

“Esse comportamento do ser humano de fazer tudo junto e misturado, você lê, assiste televisão, você cuida de criança, tem o horário de fazer a comida, então o audiobook está vindo para ser mais uma faceta desse dia a dia do leitor”, afirma.

Lu Magalhães conta que pratica a leitura em todas as plataformas, inclusive no tradicional livro de papel, e que por isso não acredita que haja uma guerra entre os formatos. “Cada um escolhe o que quiser no melhor momento da sua vida”, conclui.

Lu Magalhães é graduada em Matemática pela PUC-SP, mestre em Administração pela USP e possui especialização em Desenvolvimento Educacional pela Warthon School da Universidade da Pensilvânia (EUA).

Assista a entrevista a seguir, a partir de 02:06:00