O Concurso Público Nacional Unificado (CNU), lançado pelo governo federal em 2023, tem o potencial de democratizar o acesso ao serviço público brasileiro. O certame, que oferece 6.640 vagas em 21 órgãos, foi um sucesso de público, com mais de 500 mil inscritos em apenas duas semanas.

Uma das principais inovações do CNU é a sua abrangência nacional. As provas serão aplicadas em 220 cidades, em todos os estados e no Distrito Federal. Isso significa que pessoas de todo o país terão a oportunidade de concorrer às vagas, independentemente de sua localização.

Outra novidade importante é a unificação de oito editais em um único certame. Essa mudança visa reduzir o número de concursos públicos realizados pelo governo federal, o que pode desestimular a prática do “canibalismo”, em que os candidatos prestam vários concursos ao mesmo tempo, visando apenas ao salário mais alto.

O conteúdo programático do CNU também foi reformulado. As provas de conhecimentos gerais e específicos foram inspiradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com foco em temas interdisciplinares, como Estado de Direito, democracia e cidadania, políticas públicas e gestão pública. Essa mudança visa atrair candidatos com uma formação mais ampla e qualificada.

Críticas e ponderações

Apesar dos pontos positivos, o CNU também tem alguns desafios a superar. Um deles é a realização da prova em apenas um dia. Para os cargos de nível superior, serão 70 questões, sendo 20 de conhecimentos gerais e 50 de conhecimentos específicos. Essa quantidade de questões é considerada insuficiente por alguns especialistas, que defendem a realização da prova em dois dias, como ocorre no Enem.

Outro desafio é a falta de avaliação de habilidades e competências comportamentais. Os concursos públicos brasileiros costumam avaliar apenas conhecimentos técnicos, o que pode levar à contratação de servidores com as habilidades técnicas necessárias, mas que não possuem as competências comportamentais necessárias para o bom desempenho do cargo.

Por fim, a contratação de quase 7 mil servidores de uma vez também é um desafio. É importante que o governo federal tenha um plano de integração desses servidores, para garantir que eles se adaptem às suas novas funções e ao ambiente de trabalho do serviço público.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

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