Nesta edição do Conexão Sagres, a jornalista Jéssica Dias recebeu a psicóloga Grisiele Silva e o sociólogo Cezar Bueno. Os especialistas discutem sobre os últimos acontecimentos no mundo, em especial no Brasil: violência escolar. Como por exemplo, a escola de educação infantil na cidade de Blumenau em Santa Catarina, um homem atacou 4 crianças, e, desde então, casos como este tem preocupado muitas famílias.

“Isso é fruto de uma polarização que a gente vive da sociedade. Se observarmos, a gente vive em 10 ou 15 anos num grau crescente de polarização, seja na politica ou nas questões religiosas. Com o poder das redes sociais, acaba trazendo para nossa sociedade esses atos e comportamentos de violência que até então seria impensável. A gente vê violência na rotina do dia a dia e não na escola. A escola é uma instituição menos provável de acontecer atos de violência. Acho que existem múltiplas causas, como as famílias que não conseguem educar seus filhos, seja porque a família está exprimida por necessidades diárias e a escola por si só é incapaz de produzir uma sociabilidade não violenta entre as crianças e os adolescentes”, explicou o sociólogo Cezar Bueno.

Leia também:

A psicóloga Grisiele Silva afirmou que o cenário violento nas escolas é o reflexo da sociedade. “Estamos vivendo momentos bastante preocupantes no que se refere ao desenvolvimento infantil e na adolescência. A adolescência por si só é uma fase conturbada e temos inúmeros estudos à respeito disso. Uma fase de grandes mudanças e isso traz muitas angustias. É uma fase que não sabem lidar com coisas novas e cada vez mais os adolescentes se deparam com grandes responsabilidades. O que eu percebi no meu trabalho é que eles estão chegando cada vez mais despreparados emocionalmente para essas responsabilidades”, explicou.

Conflito

De acordo com os especialistas, a sociedade acorda com diversas notícias sobre violência através dos meios de comunicação, principalmente durante as refeições. O sociólogo compara a produção midiática como um espetáculo da violência.

“Até que ponto isso pode influenciar no comportamento de violência? Há indícios de que adolescentes que não vão ter êxito na sociedade ou não vão ter mobilidade social ascendente ou não vão aparecer, eles podem aparecer pelo avesso. Às vezes adolescentes que nunca iriam aparecer eles aparecem em estampas de jornais”, afirmou o sociólogo.

Outro ponto abordado durante o podcast, foi sobre a forma que as pessoas lidam com os conflitos dentro de si. “O conflito não pode ser eliminado da sociedade, temos que ver se temos maturidade para lidar com os conflitos”, ressaltou Cezar.

“Muito o que a gente tem visto acontecendo com os filhos é o reflexo do que esta acontecendo com os pais. Temos números gigantescos dos casos de violência doméstica. E não me refiro a violência doméstica daquela que é noticiada ou física que deixa marcas aparentes no corpo, e sim uma violência que se repete a cada dia. As pessoas não estão sabendo lidar com esse conflitos e eles são necessários na vida. Não existe vida se não existir conflito. Somos pessoas diferentes então o conflito é necessário. Mas não somos treinados para lidar com conflitos. Estamos vivendo uma era de uma educação para competição e não de uma educação cooperação”, afirmou Grisiele.

O combate à violência nas escolas está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Neste episódio, a temática inclui os ODS 4 – Educação de Qualidade, 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes e 17 – Parcerias e Meios de Implementação.

Assista o Conexão Sagres na íntegra: