O Dojô Padma é o primeiro e único dojô exclusivo para mulheres no Brasil. Criado em 2017 pela sensei Carol Prestes para aumentar a participação das mulheres nas artes marciais, o espaço cresceu e hoje também é aberto para outras transidentidades.

Artes marciais englobam esportes historicamente mais praticados por homens e com preconceito com a participação feminina. Carol Prestes começou no karatê quando ainda era criança e pegou a faixa preta aos 13 anos. Ao vivenciar o tratamento dado às mulheres no esporte, a sensei almejou aumentar a prática da arte marcial entre elas e abriu o espaço para ser inclusivo e seguro.

“A gente abre esse espaço realmente para ser seguro, porque as pessoas abrem um dojô, um espaço, uma academia e pensam que é para todo mundo e a gente sabe que não é assim. A gente vive num mundo branco, cis-hétero-normativo, machista” disse a vice-presidente do dojô, Juliana Reis, que explicou que a ideia do espaço é ser diferenciado, onde as mulheres sintam-se à vontade para experimentar.

Experiência segura e autoestima

O karatê é geralmente associado às crianças, mas Juliana contou que sua primeira experiência com o esporte foi aos trinta anos. E esse é um dos maiores ideais do Dojô Padma. “A gente vem trabalhando com esse público adulto, mulheres que nunca experimentaram uma luta”, disse.

Ligado a paciência, a resiliência e a disciplina, o dojô exclusivo para mulheres proporciona também segurança, melhora da autoestima e a formação de novas amizades. A primeira experiência de Juliana Reis foi com uma aula que ganhou na premiação de um bingo, depois ela ficou pela socialização do ambiente e hoje ressalta muitas mudanças em sua vida por causa do esporte.

“Eu falo que eu comecei pelo social e fui gostar do karatê depois e é verdade, a gente tem uma turma muito legal lá, temos mulheres incríveis e o senso de comunidade, de pertencimento, é maravilhoso”, contou e continuou falando sobre os benefícios da prática esportiva. 

“O Karatê era o preço que eu tinha que pagar para estar naquele lugar. Depois eu comecei a gostar porque eu fui percebendo que ele me deu autoconfiança, porque tem a postura que você fica e aprende a ficar mais atenta ao lugar que está. A gente tem um termo que é o zanshin, que é a mente sempre presente, sempre alerta”, compartilhou.

Uma comunidade de amigas

Karatê forma comunidade de mulheres (Foto: @dojopadma)
Karatê forma comunidade de mulheres (Foto: @dojopadma)

A vice-presidente do dojô tem uma experiência pessoal com o espaço que alegra compartilhar e que deseja que seja vivenciada por outras mulheres. Juliana afirmou que a prática do karatê a deixou mais confiante em outros espaços, seja na rua ou no local de trabalho.

“Eu estava vendo uma matéria esses dias que falava que não é possível você ser confiante só num lugar, pois se você é confiante num espaço, você traz isso para outros espaços, e eu acho que é isso assim. Então, a confiança que você vai descobrindo para fazer um kata na frente da turma ela vai para o seu trabalho”, disse. “Isso te ajuda a achar cargos de liderança talvez, por exemplo, eu me tornei uma pessoa muito mais disciplinada porque o karatê é essa disciplina”, contou.

Além de um local de treino, onde as mulheres vão praticar um hobby, se exercitarem, o Dojô Padma se tornou também uma comunidade de amigas. Juliana ressaltou que a exclusividade do espaço para mulheres é que chama muitas delas para uma primeira experiência e o conforto do espaço faz com que elas permaneçam na comunidade. 

“Na turma da manhã geralmente as meninas fazem a aula e ficam para tomar café juntas. A turma da noite vai para o espetinho depois do treino. Então,  a gente extrapola o ambiente do dojô mesmo. Aliás, para quem está precisando fazer amigas, descobrir novos ambientes, fica o convite. O dojô é um ótimo lugar para se estar”, destacou.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 05 – Igualdade de Gênero.

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