O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que não vê “contradição” entre o discurso ambiental do governo brasileiro e o projeto de exploração de petróleo na foz do Amazonas. Em entrevista à BBC, o diplomata também afirmou que a saída dos EUA do Acordo de Paris pode prejudicar metas globais de combate às mudanças climáticas. Corrêa foi recentemente nomeado pelo presidente Lula para presidir a edição brasileira da conferência do clima,
O assunto da exploração de petróleo na Margem Equatorial, na foz do Rio Amazônia, em um território do Amapá, voltou à tona após declarações do novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB/AP). Ele é favorável ao projeto da Petrobrás. Desde o início da gestão de Lula, o tema vem gerando protestos de ambientalistas, além de ter criado rusgas internas.
Nesta quarta-feira (12), Lula voltou a defender a liberação para destravar as pesquisas na região da Foz do Amazonas. André Corrêa do Lago negou que a exploração de petróleo impedisse os avanços do Brasil no setor ambiental. Ele respondeu sobre acusações de contradição entre o projeto e o discurso ambiental do governo, que tem a presidência da COP30 justamente como uma dessas marcas.

Contradição
“Não acho que seja uma contradição porque se você pegar qualquer país do mundo, eles estão fazendo coisas com vistas a chegar à meta de net zero”, afirmou. Net zero é o equilíbrio entre emissões e captura de gases do efeito estufa.
Avaliação
“Alguns países estabeleceram isso como meta em 2050, como o Brasil. Mas se você tomar como exemplo a Alemanha, ela parou de usar energia nuclear e voltou a usar carvão. Por que ela fez isso? Porque dentro do seu plano de transição, eles consideraram que, econômica e racionalmente, eles ainda tinham que usar carvão por alguns anos até conseguir engatar na transição com vistas à meta de net zero até 2050”, respondeu o presidente da COP30.
Impacto
O diplomata também respondeu sobre impactos da saída dos EUA do Acordo de Paris sobre metas de financiamento ao combate às mudanças climáticas. Existe um plano para arrecadar 1,3 trilhão de dólares a fim de custear projetos dessa natureza aos países em desenvolvimento.
Alinhamento
“Se a maior economia do mundo não está orientada especificamente para o combate à mudança no clima, isso tem uma influência no mundo inteiro”, disse Lago. Ele acrescentou que “muitas das soluções” acontecem em outras negociações além da COP, como no G20.
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*Este conteúdo segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis; ODS 13 – Ação Global Contra a Mudanças Climática; e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes.