Neste domingo (31) se inicia a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, a COP26, que vai até dia 12 novembro. O evento terá sede em Glasgow, na Escócia e vai contar com líderes de diversos países do mundo. Mas algumas nações não estarão representadas por um líder de governo na cúpula do clima, por exemplo o Brasil, com a ausência do presidente Jair Bolsonaro.

Para falar sobre a Conferência e as possíveis consequências da não comparecimento de Bolsonaro, o Debate Super Sábado desta semana (30) recebeu o professor da Universidade Federal de Goiás e pesquisador vinculado ao Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, Manuel Eduardo Ferreira, o advogado especialista em direito do agronegócio Caio Freitas, e Marco Neves, superintendente de Recursos Hídricos e Saneamento da Semad.

Sobre a ausência do presidente Jair Bolsonaro, Caio acredita que trará uma impressão negativa para o Brasil, porque pode dar a sensação que a pauta climática não é importante para o país.

“Mas além da ausência do presidente que será muito sentida, eu acrescentaria a ausência do ministro das relações exteriores, Calos França sendo que a COP é um fórum de debate internacional, então a diplomacia faz muita diferença nesses encontros […] A ausência dele também enfraquece a estratégia de negociação do Brasil”.

Por outro lado, Marco Neves enfatiza que esse prejuízo ao Brasil vem de forma crescente, e que na COP26 é apenas mais uma etapa do prejuízo que já tem acontecido. “Isso acaba criando oportunidade aos subnacionais, para os Estados terem um protagonismo maior na questão do clima no debate internacional”.

Metas do Clima

O Brasil se comprometeu a reduzir em 43% a emissão de gases estufa até o ano de 2030, mas pelo contrário, aumento em quase 5% com base nos dados do relatório do Observatório do Clima. Sobre como o país pode trazer uma mensagem diferente sobre o tema, o professor Manuel Eduardo Ferreira revelou que já houve várias oportunidades de cumprir essas metas.

“Podemos incorporar tecnologias no setor do agronegócio, e isso tem sido feito gradativamente com a adesão dos agricultores que são comprometidos com esse assunto. Podemos tratar de melhorias do pasto ou o próprio manejo do solo, mas o Brasil vem pecando muito no controle do desmatamento. Desmatamento e queimadas causam emissão líquida de gases de efeito estufa bastante significativos”.

De acordo com Caio, o governo criou a CPR Verde para incentivar o produtor rural a preservar a vegetação em suas propriedades e vender a preservação a investidores que estejam interessados. Já Marco concorda que “a sofisticação por meio de instrumentos econômicos possa ajudar bastante”.

Ricardo Salles

Manuel Eduardo enfatizou que o Brasil pode encontrar dificuldades em relação a acordos climáticos, diminuição do desmatamento e queimadas entre outros, mas também ressaltou que um pouco disso é reflexo da gestão do ex-ministro Ricardo Salles.

“Nossa imagem ficou arranhada sim com a atuação do ex-ministro do meio ambiente, deixou uma imagem muito negativa, uma imagem que vinha sendo construída com muito esforço. É um trabalho penoso longo e de repente você tem um representante que não representa o interesse nacional. Acredito que perdemos grandes oportunidades, então tem que reverter essa imagem, esse processo”.

Assista ao debate dentro do Sagres Sinal Aberto – Edição de Sábado, à partir de 01:03:40

Mariana Tolentino é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Unialfa sob supervisão da jornalista Tandara Reis.