COP29 no Azerbaijão: os motivos para escolha de mais um país produtor de petróleo como sede da Conferência

O Azerbaijão, país produtor de petróleo, cujo 1/3 da economia se escora na petroprodução, será o anfitrião da COP29, em 2024. A decisão foi tomada na reta final da COP28, ao passo em que a Conferência do Clima debatia a necessidade de eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis.  

Localizado entre o Leste Europeu e a Ásia, o Azerbaijão foi a alternativa encontrada para solucionar um impasse na escolha do país sede da COP 29: em virtude das sanções motivadas pela guerra com a Ucrânia, a Rússia havia vetado qualquer membro da União Europeia de sediar a COP29, o que frustrou candidaturas da Sérvia, Moldávia e Armênia – o Azerbaijão não faz parte do bloco europeu.  

Com um PIB de 74,76 bilhões de dólares, o país tem um terço da economia ligada à exploração de petróleo e gás natural, que contribuem para o aumento do aquecimento global e agravam as mudanças climáticas. O percentual é maior do que os 52% dos Emirados Árabes Unidos, anfitriões da COP28 em 2023. 

Combustíveis Fósseis

A contradição na escolha é que o texto acordado na cúpula climática da ONU, que foi finalizada esta semana em Dubai, apela a todos os países para que façam uma transição energética para se distanciar dos combustíveis fósseis — e não que eles sejam eliminados, como boa parte dos governos queria. 

A urgência nas reduções de uso desse combustível é reconhecida como indispensáve para atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global em 1,5ºC. Este ponto de atenção foi motivo de aplausos na sala de Conferência da COP, quando anunciado. No entanto, especialistas afirmam que uma “transição energética” não é suficiente em face à necessidade de “eliminar os combustíveis fósseis”. 

Conflito com Armênia

Além de representar o oposto do que se espera num contexto de mudança energética, o Azerbaijão também vive um conflito com a Armênia, na disputa do território de Nagorno-Karabakh, no Cáucaso. Em setembro, o Azerbaijão anunciou o início de uma operação militar no enclave separatista de Nagorno-Karabakh, classificando as ações como “medidas antiterroristas”. 

Os bombardeios na região de maioria armênia deixaram mais de 200 mortos e representaram o rompimento de um cessar-fogo entre Armênia e Azerbaijão, mediado pela Rússia, ainda em 2020. No entanto, a Armênia decidiu apoiar o país vizinho como sede da Conferência do Clima, após os dois governos declararem conjuntamente que pretendem buscar acordos de paz. 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.

Leia mais: