Os alunos da rede pública de ensino retornaram às salas de aula nesta quarta-feira (19), de maneira 100% presencial. Com o aumento de casos de Covid-19, em função da variante Ômicron, porém, há questionamentos sobre a segurança nesta volta às escolas. Em entrevista à Sagres, nesta quinta-feira (20), o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, afirmou que a decisão pelo retorno é “evidentemente difícil, mas que parece correta”.

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“As consequências de um período de suspensão das aulas, de um ano e meio, foram muito grandes”, declarou Ricardo que também é professor e pesquisador em Economia Social. Segundo ele, a reabertura de escolas precisa ser prioridade absoluta de todos os países, que deve refletir sobre o custo atual e o sequente, “diante da cauda longa do efeito da pandemia”.

A transmissibilidade da Ômicron não foi deixada de lado. O pesquisador destacou que o retorno exige ainda mais cuidados, com compromisso da administração pública de manter uma agenda de biossegurança consolidada e densa.

Ensino híbrido para o presente e o futuro

Outro compromisso citado pelo professor é o de garantir uma retomada capaz de mitigar os efeitos da paralisação na educação, com elementos híbridos e aulas presenciais. “É preciso projetar uma estratégia pedagógica e social, de vínculos, de convívio entre os estudantes, que retome uma trajetória mais dinâmica, mais criativa, mais inovadora”.

O superintendente ressaltou que, de maneira geral, não foi possível garantir o processo de aprendizagem, que seria possível com o presencial, durante o período de isolamento e o ensino remoto. Pensando nisso e no que “é vital para para qualidade da educação como um todo”, Ricardo propôs uma separação entre o que é o ensino híbrido para o futuro e o ensino remoto.

“O remoto e compensatório, se fez em vários momentos, quase que reproduzindo algumas aulas que seriam presenciais em tempo sincronizado com os estudantes”, afirmou o professor, que em seguida explicou que pensa o híbrido como uma combinação de atividades presenciais, com professores e alunos compartilhando o momento pedagógico, e atividades virtuais, com várias metodologias de interação.

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“Assim, o momento presencial passa a ser de mais interação, mais rico, em que as dúvidas aparecem, em que há um processo de raciocínio, de troca, com proposição de temas pelos alunos, com trabalho em grupo. O híbrido tem tudo para ficar, mas eu quero separar o híbrido, que tem presencial e a distância,  do remoto, que é simplesmente reproduzir aquilo que seria presencial no campo virtual”, detalhou.

Imunização

Ricardo Henriques afirmou que uma das maneiras de facilitar a decisão pelo retorno e garantir mais segurança para pais, alunos e professores, é com a aceleração da vacinação de crianças de 5 a 11 anos.

“O governo federal precisa comprar mais vacinas e distribuí-las com mais velocidade. Não podemos esquecer que a Anvisa já tinha dado o parecer favorável para a vacinação há mais de um mês, então infelizmente perdemos mais de um mês e é óbvio que a prioridade absoluta para crianças é a mesma que tivemos no passado recente, que é a vacinação para todos e já”, pontuou.

O professor destacou ainda que a prioridade absoluta é garantir a vida das pessoas e, por isso, entende que vários municípios podem manter uma parte do ensino fundamental em situação remota “para poder viabilizar a segurança de todos”. O pesquisador, porém, chamou atenção para o contexto específico de cada região e declarou que cabe à administração local fazer a avaliação.

Com a vacinação das crianças ainda no início, Ricardo afirmou que “o dilema, portanto, tem que ser resolvido com bom senso e equilíbrio, tanto com a estratégia pedagógica e as cautelas, e uma ação muito intensa de biossegurança”.

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