A fibromialgia é predominantemente em adultos do sexo feminino, com idades entre 30 e 50 anos. No entanto, também pode afetar crianças com idades entre 9 e 15 anos, resultando em uma prevalência de 0,2% a 6,6% da população mundial.

Sendo assim, os principais sintomas da fibromialgia incluem dores e tensões, que estão frequentemente associadas a problemas como sono não reparador, fadiga e sintomas somáticos e cognitivos. Por exemplo, as pessoas afetadas podem experimentar dificuldade em atividades intelectuais conscientes, como memória e raciocínio, além de enfrentar distúrbios psíquicos como ansiedade e depressão.

Nesse sentido, quando presente nas crianças, a fibromialgia pode interferir nas atividades diárias da criança ou do adolescente devido ao desconforto causado por esses sintomas.

Amélia Pasqual Marques – Foto: LinkedIn

Fibromialgia infantil

A fibromialgia nas crianças foi inicialmente descrita em 1985 e, assim como a fibromialgia em adultos, não possui causas bem definidas. Então, é uma das razões pelas quais a fibromialgia juvenil é uma síndrome.

“A fibromialgia é uma síndrome porque não tem uma causa específica dessa dor e como ela se baseia apenas em avaliação de sintomas, é uma síndrome e não é considerada uma doença como outras”, destaca Amélia Pasqual Marques. Ela é professora do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP.

No entanto, existem algumas hipóteses no campo médico. “Hoje, o que se apresenta de maior entendimento é que vários fatores contribuem para o seu aparecimento e perpetuação, cuja ênfase é dada a um distúrbio da regulação da dor em nível central, onde o sistema nervoso central (SNC) encontra-se alterado na sensibilização central, pelas mudanças do estado de restauração da conectividade funcional cerebral, pelas alterações da fase alfa do sono, pela disfunção do sistema nervoso, entre outros”, cita Amélia.

Além disso, outros fatores que podem agravar essas dores estão relacionados a questões psicológicas. “As dores ocorrem após um evento traumático importante na vida dessas pessoas — um luto, uma ruptura afetiva, fracasso sentimental ou profissional, violência, em especial a doméstica —, o que pode levar ao surgimento das queixas somáticas”, completa a especialista, em entrevista a Bárbara Bigas do Jornal da USP.

Diálogo e compreensão

O diálogo e a compreensão desempenham um papel fundamental na identificação dos desconfortos causados pela fibromialgia nas crianças, tanto para a família quanto para os responsáveis. “A atenção maior da família deve ser em relação às queixas de dor. Muitas vezes, a família acha que a origem da dor é simplesmente desculpa para não ir à escola ou realizar alguma atividade. Além da dor, a criança pode estar se afastando de suas atividades cotidianas, chorar com frequência, não interagir com a família, colegas na escola e amigos”, pontua Amélia.

É importante buscar um tratamento que se adeque, preferencialmente com uma abordagem multiprofissional, envolvendo profissionais como psicólogos, reumatologistas e fisioterapeutas.

“Também é importante que façam exercícios físicos rotineiramente, deixando a criança escolher o que mais gosta: caminhada, corrida, natação, esportes todos altamente recomendáveis”, finaliza a especialista.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem Estar

Leia mais: