O MapBiomas atua com uma rede de cientistas que monitora o uso da terra e os recursos hídricos desde 1985, e a crise hídrica no Brasil é um alerta. De acordo com Juliano Schirmbeck, em participação no Pauta 1, os dados mostram que o Pantanal é o bioma que mais sofreu perda de superfície de água nas últimas décadas. “Houve uma redução de 61% da superfície de água no Pantanal em 38 anos”, revelou.
Schirmbeck explicou que o Pantanal depende de inundações cíclicas, mas elas estão se tornando mais raras, menos intensas e com menor duração.
“Esse é um bioma das águas, que ficava inundado por mais de meio ano. Hoje, essas inundações são muito menores e menos frequentes”, alertou.
A combinação explosiva: calor extremo e menos umidade
Além disso, Juliano alerta que, além dos fatores naturais e climáticos, o desmatamento e as mudanças no uso da terra têm papel crucial no agravamento da crise hídrica.
“A degradação de ambientes naturais compromete o armazenamento e a regulação da água. Preservar os biomas é essencial para a segurança hídrica do Brasil.”
Sendo assim, esse panorama de escassez hídrica ocorre simultaneamente a eventos extremos em outras regiões. Juliano Schirmbeck relembrou os dados recentes da coleção lançada no Dia Mundial da Água.
“Em 2024, no mesmo ano, monitoramos a maior superfície de água dos últimos 40 anos no Sul, ao mesmo tempo em que, em outubro, a Amazônia teve a menor. É uma gangorra de extremos dentro de um mesmo país.”
Crise climática
Juliano também reforçou que o Brasil já vive uma “crise climática”, não mais uma mudança gradual. Para ele, os ambientes naturais, como áreas úmidas e nascentes, estão sendo negligenciados.
“Eles funcionam como esponjas: absorvem a água da chuva e liberam gradualmente em períodos de seca. Se não cuidarmos desses espaços, perdemos a capacidade de resistir às variações climáticas”, advertiu.
Diante dos dados alarmantes, o especialista defende a adoção urgente de estratégias baseadas na natureza, com foco na preservação de ambientes naturais e na restauração de ecossistemas.
“Estamos indo na contramão do que os números exigem. Precisamos de soluções baseadas na natureza para garantir a resiliência hídrica do Brasil”, concluiu Juliano.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima
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