A professora Maria Silvia Cintra Martins utiliza um jogo de linguagem sobre cultura indígena para alfabetizar crianças em São Paulo. A ferramenta desenvolvida no Laboratório de Pesquisa Linguagens em Tradução (Leetra) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) destaca informações sobre o Povo Maraguá, do Amazonas.

O jogo digital é o Kawã na Terra dos Indígenas Maraguá. As atividades auxiliam na alfabetização e no letramento interdisciplinar dos estudantes da educação infantil e do ensino fundamental I. O laboratório da UFSCar já lançou outros jogos semelhantes. Mas agora o foco é o estudo de línguas e literaturas indígenas associado ao letramento e comunicação interculturais.

Para a universidade, o jogo Kawã na Terra dos Indígenas Maraguá cativa as crianças e implementa o ensino de cultura indígena, conforme a lei  11.645, que torna obrigatório o ensino da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” nas escolas do país.

A professora Maria Silvia aponta que o jogo também supre uma necessidade dos professores. “Eu havia ministrado cursos anteriormente com tais objetivos, e a maioria dos professores reclamava que não tinha material para trabalhar com essas temáticas. Também levei em conta o quanto os jogos estão cada vez mais presentes na educação e o fato de terem potencial para alavancar o processo de ensino e aprendizagem”, conta.

Inspiração

A inspiração da professora é o livro “Aventuras do Menino Kawã”, do escritor maraguá Elias Yaguakãg. “Minha primeira inspiração veio do fato de que eu procurava uma história indígena que tivesse uma criança como personagem principal”, comenta. 

“Mas o que eu buscava não era adaptar um livro para o formato de um jogo, simplesmente. Por isso, sendo professora e pesquisadora do laboratório, iniciei pesquisa bibliográfica em torno do povo maraguá, de sua localização, sua cultura, assim como consultei outros livros de escritores indígenas maraguá “, explica.

Maria Silvia trabalha o material em uma escola estadual, mas a ideia é fechar parcerias com secretarias de Educação. O jogo apresenta os elementos tradicionais da cultura maraguá, como a luta política do povo em defesa de suas terras. 

A ferramenta aborda os seis clãs desse povo, bem como as passagens rituais de idade, como o Wakaripé, aos 10 anos, e o Gualipãg, aos 15 anos. Além disso, as crianças têm contato com a literatura maraguá, e conhecem escritores indígenas como Elias Yaguakãg e Lia Minapoty.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de Qualidade.

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