A energia hidrelétrica é responsável por cerca de 70% de produção de renovável de eletricidade, além de 15% do total de energia elétrica gerada no mundo. E nesta semana, o Governo Federal anunciou que os reservatórios de água das hidrelétricas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste registraram o pior período de chuvas desde 2015. Dessa forma, o país poderá viver um longo tempo na bandeira vermelha e segundo o presidente Jair Bolsonaro “será a maior crise que se tem notícia até hoje”.

Para entender quais alternativas a população tem diante a falta de chuvas e aumento de tarifas, o Debate Super Sábado desta semana recebeu Guilherme Susteras, coordenador da Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR), Alessandro Cunha, vice-presidente do Conselho da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia. Além deles, o empresário do Setor Elétrico e diretor Regional da AEGB, Carlos Cunha e Hewerton Martins, presidente do Movimento Solar Livre.

Na última atualização do Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS), Itumbiara possui 25% dos reservatórios cheios, a hidrelétrica de São Simão com pouco mais de 15% e a hidrelétrica de Serra da Mesa com 30%. De acordo com o Guilherme Susteras, as reservas brasileiras foram calculadas usando o histórico hidrológico de 90 anos, mas a hidrologia da época é completamente diferente da de hoje.

“Estruturalmente, o Brasil está com falta de energia e não com sobra como alguns consultores insistem em dizer. Uma prova disso são as bandeiras vermelhas que estamos vendo este ano. E com isso, o resultado ou o Governo promove mais leilões para construir mais usinas e ao mesmo tempo incentivar que as empresas e as pessoas a invistam em sua própria fonte de energia para não depender dos leilões do governo”.

Segundo Carlos Cunha, no Brasil existe um desinvestimento e que o país vai na contramão do mundo todo, isso porque 70% da energia gerada é a hidrelétrica e quando não tem água é necessário acionar as térmicas. “Então o estado brasileiro precisa se preocupar em manter cada vez mais limpa as matrizes energéticas e trazer condições para que os investimentos aconteçam”.

Hewerton Martins afirmou que geração distribuída vem sofrendo boicote no sentido de manter o poder e controle da energia centralizado na mão de dez grupos econômicos. Ainda ressaltou que pode até escolher a energia mais barata, mas metade do custo dessa energia, atualmente, está obsoleta.

“Apesar de termos uma grande estrutura de rede distribuída no país, ela custa muito caro para todos nós. Ela custa caro pelo aspecto ambiental, pelo aspecto de implementação e quem paga tudo isso somos nós. Quando constrói essas usinas centralizadas no meio do mato, que tem impacto ambiental como a de Belo Monte, nós que estamos pagando”.

O Alessandro Cunha ainda complementou que o custo que o Brasil tem hoje de grandes linhas de transmissão acaba sendo mais cara que a própria energia. “A energia distribuída dá a possibilidade do consumidor de ser protagonista do processo, ou seja, gerar sua própria energia”.

Perguntado sobre a cobrança de impostos passar a ser um debate de segundo plano quanto a energia distribuída e sustentável, o empresário Carlos Cunha salientou que “a energia, hoje, é extremamente onerada pelo ICMS”. O Estado de Goiás cobra 29% de ICMS. “Aí você tem todos os impostos federais que são os impostos normais de qualquer outro produto, aí não tem diferenciação”.

Sendo assim, na conta de energia da população goianiense, cerca de 38,25% representa impostos cobrados. Por fim, o presidente do Movimento Solar Livre ressaltou que a luta é que os filhos (população) possam ter energia solar em casa e abastecer o carro com energia elétrica limpa.

“Independente da classe social brasileira, todos nós merecemos ter esse direito. Nós não podemos ser censurados em 2021. Isso vai na contramão do que está acontecendo no planeta inteiro, então a gente precisa se sensibilizar, levantar da cadeira e falar com os representantes, senão os grandes grupos econômicos conseguem manipular as informações”.

Assista ao Debate Super Sábado a seguir a partir de 00:59:00

Mariana Tolentino é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Unialfa sob supervisão da jornalista Tandara Reis.