Em meio a elogios e críticas, o governo de Jair Bolsonaro completou, nesta semana, mil dias. Mesmo com a pandemia da Covid-19 e o aumento do preço gasolina e de itens básicos, como por exemplo, alimentos, o presidente está com uma série de eventos e inaugurações para comemorar a data.

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Para debater sobre os feitos, pontos positivos e negativos do governo em relação à Economia, Saúde e Infraestrutura, o Debate Super Sábado recebeu o deputado estadual, Paulo Trabalho (PSL) e o vereador por Goiânia, Mauro Rubem (PT). Além disso, a edição contou com vídeos da economista Adriana Pereira, o cientista político, Frank Tavares e o médico infectologista, Marcelo Daher.

ECONOMIA

Falando sobre a economia, até o momento, do governo de Jair Bolsonaro, a economista Adriana Pereira elencou pontos específicos, principalmente a agenda neoliberal. Segundo Adriana, o liberalismo tem a tendência de não interferir nas decisões do mercado, entretanto o governo possui duas vertentes, porque em alguns momentos há tomadas de decisões diretas que podem interferir em investimentos.

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Sobre isso, Paulo Trabalho comentou que a visão trazida é pessimista e que houve sim geração de empregos, de acordo com o deputado, cerca de 2 milhões e 800 mil.

“Isso não é pouca coisa, estamos com quase 3 milhões de empregos gerados desde o início da pandemia. Vamos crescer, este ano, 5%. Que país cresce 5% com decisões erradas? Com tomadas de decisão contrárias àquilo que o mercado gostaria que fosse apresentado? É um crescimento semelhante ao da China. E o crescimento reverte em desenvolvimento, em geração de emprego e renda”.

Por outro lado, Mauro Rubem foi em contraponto ao que foi explicado pelo deputado estadual:

“O que nós estamos vendo é desemprego, com mais de 14 milhões de pessoas desempregadas. O salário mínimo nunca foi tão baixo na história recente do Brasil e 10% do salário hoje é para comprar um botijão de gás […] Durante os governos Lula e Dilma, as pessoas comiam, tinham emprego e o país estava crescendo”. O vereador complementou afirmando que “hoje os empregos não têm garantias”.

POLÍTICA

O cientista político Frank Tavares fez uma análise em relação aos mil dias dando ênfase nos indicadores quantitativos. Segundo ele, o país não anda tendo resultados expressivos positivos no que tange a qualidade de vida, crescimento econômico e liberdade de expressão. O deputado do PSL também foi contra os argumentos de Frank:

“Como não temos liberdade em um governo que aceita ser chamado de genocida, que coloca a cabeça dele em um saco e sair chutando, que não manda fuzilar ninguém, prender ninguém? É um país sem liberdade? O que o presidente Bolsonaro representa hoje é a garantia da nossa liberdade, da liberdade do povo brasileiro. E não tem nenhum bem mais precioso do que esse, é só fazer uma análise e comparar com a Venezuela e outros países.”

Mauro Rubem concordou com Frank Tavares e ainda afirmou que estamos vivendo em um retrocesso e apesar da tendência do PIB melhorar, deve ser feita uma comparação a longo período.

“O que nós temos é um governo da destruição do pacto mais amplo que o país fez que é o da Constituição de 1988. Está desmontando o sistema de saúde. Quando o presidente diz que ele não vai vacinar é porque ele é contra a vacinação, é negacionista. Ele apostou na propina, na cloroquina, fez outros caminhos”. Ainda salientou que para uma pessoa provar que não é negacionista, ela precisa se vacinar.

SAÚDE

Por fim, Marcelo Daher trouxe aspectos positivos e negativos em relação à saúde, momento que estamos vivendo a pandemia da Covid-19. “Faltou, claramente, uma coordenação nacional no controle da pandemia. Faltou um governo, uma liderança para guiar os estados, municípios e população para controle e combate da pandemia. Essa é uma falha imensa que vemos até agora”.

Marcelo também comentou que houve momentos de incertezas e desacordo entre falas do presidente e algumas ações do Governo Federal, já Bolsonaro faz críticas à vacinação e ao uso da máscara, mas o Ministério da Saúde recomenda o uso e fez a distribuição do imunizante.

Paulo Trabalho afirmou que em meio a isso tudo, o governo adquiriu experiências na crise de Covid-19. “Na vontade de tentar acertar, a gente erra”. Além disso, salientou que não faltaram recursos para a gestão da pandemia nos estados.

Já Mauro Rubens afirmou que não foi questão de erro, nem acerto e que o Governo quis chegar onde está agora. “O presidente é um grande aliado da Covid. Ele esparramou Covid para todo lado, não fez o seu papel. Criou mentiras dizendo que o Supremo (STF) estava impedindo e, não, ele que já não queria fazer mais, ele não quis”.

Mariana Tolentino é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Unialfa sob supervisão do jornalista Denys de Freitas.