Depois de mais de dois anos de incertezas por conta da pandemia do coronavírus, agora o mundo se depara com uma nova variante da Covid-19, a Ômicron. A variante possui aproximadamente 50 mutações e há ainda dúvidas se as vacinas são eficazes para a cepa. Todos os continentes já detectaram pelo menos um caso, entretanto não há óbitos confirmados.

Para comentar sobre o que deve ser feito contra a nova variante do coronavírus, o Debate Super Sábado dessa semana convidou a bióloga Mariana Telles, o pesquisador da Universidade Federal de Goiás, José Alexandre Diniz e o economista André Braga.

>>> Debate Super Sábado #271: O papel do agro na defesa do meio ambiente
>>> Debate Super Sábado #270: O que esperar do Enem 2021

Origem

Apesar de ainda não se saber ao certo o porquê dessa nova variante, a bióloga comentou que a taxa de vacinação na África é um dado que preocupa:

“Se a gente tem uma grande parte da população não vacinada, a gente cria condições mais favoráveis para a disseminação do vírus e, consequentemente, mais chance de surgir novas mutações. A gente precisa acumular um pouquinho mais de informação em relação a isso e precisamos investigar com mais cuidado”, declarou a bióloga.

O pesquisador José Alexandre Diniz ressaltou o que representa a preocupação com a Ômicron a nível mundial. Segundo ele, nós estamos presenciando nos últimos dois anos a evolução do vírus e que nesse processo muitas delas se mostram mais transmissíveis.

“Toda vez que nós temos essas novas cepas que eles chamam de ‘preocupação’ é porque elas têm alguma característica, um conjunto de mutações que as fazem ser mais transmissíveis. No Brasil, a gente consegue ver bem os novos surtos, parece que sempre está mais associada ao surgimento dessas novas variantes. Outro fato que chama atenção é que ela é um pouco diferente das outras e é isso que está trazendo um desconforto”.

Consequências econômicas

De acordo com o economista André Braga, da mesma forma que nas outras vertentes, a economia também segue um rumo de incertezas e que os possíveis novos lockdowns na Europa já causaram medo aos mercados até mesmo pelo aumento do desemprego.

“Infelizmente, só com uma possibilidade a gente já teve um breve caos […] É uma especulação que já traz graves consequências. A Alemanha que já está querendo fazer novos lockdowns que não foram bem aceitos na comunidade, porque as pessoas sabem que quanto mais fábricas continuarem fechadas, vai continuar aumentando o desemprego, a falta de renda. Agora no final do ano já aumenta consumo e a grande esperança do comércio é essa fase que estamos passando agora”.

O presidente Jair Bolsonaro, diante da nova cepa, não defende um novo lockdown no Brasil, salientando assim, que o país não suportaria, economicamente, passar por isso mais uma vez. Para o economista, caso fosse necessário mais uma vez essa ação seria um “desastre”.

“A gente teve uma queda de desempenho gigante para 2020/21, o PIB foi um desastre, a gente vem tentando uma recuperação econômica, as contas do governo aumentaram muito diante, também, dos auxílios que foram liberados. Foi injetado muito dinheiro, injetou na economia, de acordo com o governo mais de 200 bilhões. É uma ‘grana’ considerável”.

Segundo André, pensar no fechamento do comércio, é algo inimaginável no Brasil por enquanto.

Vacinação

Uma das preocupações em relação à nova variante é a eficácia ou não das vacinas já produzidas para combater o coronavírus. De acordo com o pesquisador José Diniz, ainda não se sabe ao certo sobre essa informação, mas tudo indica que as doses das vacinas podem sim inibir a Ômicron.

“As vacinas podem perder um pouco da eficiência, porque estão cada vez mais sofisticadas e têm um aumento enorme, exatamente, porque são mais focadas. Então quando o vírus muda, a vacina pode mudar a eficiência. Mas, ainda assim, ela continua sendo a maneira mais efetiva que a gente tem para combater a pandemia”.

Mariana Tolentino é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Unialfa sob supervisão do jornalista Denys de Freitas.