Grande produtor de alimentos, energia e fibras, o Brasil é uma potência em preservação ambiental com cerca de 67% de seu território em vegetação nativa preservada ou protegida. É o que aponta a primeira análise das informações de mais 4 milhões de produtores inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), realizada pela Embrapa Monitoramento por Satélite.

Os cálculos da Embrapa demonstram o papel único da agropecuária na preservação ambiental: as unidades de conservação protegem em vegetação nativa o equivalente a 13% do Brasil e os produtores mais de 20% do país, como áreas de preservação permanente, reserva legal e vegetação excedente.

No Debate Super Sábado #271 de hoje (27), a produtora rural e consultora da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Jordana Girardello, valoriza o Código Florestal Brasileiro, e destaca o percentual de preservação que cada região precisa cumprir de acordo com a legislação.

“O Código Florestal Brasileiro é o mais moderno que se tem no mundo. É o único país do mundo que exige que o produtor rural tenha uma reserva nativa dentro da sua propriedade. Isso traz grandes retornos, não só para o brasileiro, mas para uma contribuição mundial. A gente tem as áreas de reserva legal destinadas dentro das propriedades rurais, que variam de 20% a 80% do território da propriedade rural. As propriedades na Amazônia têm de ter 80% de reserva legal, no Cerrado, 20%. Isso varia de acordo com o bioma no qual a propriedade está inserida”, argumenta. Assista ao Debate Super Sábado #271 a seguir a partir de 01:02:00

Jordana Girardello destaca ainda o plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, chamado de ABC+, tem a meta de reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário até 2030. O valor é sete vezes maior do que o plano definiu em sua primeira etapa.

O gerente de Produção Sustentável e Agricultura Familiar da Secretaria de Agricultura do Estado de Goiás (Seapa), Ricardo Carneiro de Araújo, afirma que o plano contribui para que as florestam também gerem renda ao produtor, e que o Estado está otimistas com as metas traçadas para 2030.

“O governo do Estado está muito otimista com isso. A gente já está alinhando os partícipes para alavancar isso e ser uma vitrine tanto para o Brasil quanto para o mundo implementando essas práticas sustentáveis, ecológicas, orgânicas”, afirma. “Esse Plano ABC, juntamente com outras formas de recurso, tem contribuído para que as florestas também tornem-se rentáveis”, afirma Araújo.

Para o analista da Embrapa Territorial, engenheiro agrônomo e doutor em Agricultura, Gustavo Spadotti, é preciso fazer com que as novas tecnologias, indispensáveis para alcançar as metas ambientais nos próximo oito anos, cheguem ao produtor rural.

“A melhor forma é estar em apoio com o Senar, com as entidades de classe, mas principalmente fortalecer a nossa extenção rural de modo que a gente consiga seguir produzindo cada vez mais em equilíbrio com o meio ambiente”, afirma.

O advogado especialista em Direito Ambiental, Agrário e Administrativo, Ailtamar Carlos da Silva, acredita que o maior desafio dos produtores rurais é buscar o equilíbrio entre produção e preservação do meio ambiente.

“O desafio é produzir e preservar, em uma perspectiva que ele tenha renda, que de fato ele possa valorar o que ele tem. Assim, não só a produção ganha com isso, mas a preservação também. Essa é a grande discussão que tem de ser feita com o Estado brasileiro”, pondera.

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