Sessão Ordinária (Foto: Marcos Kennedy / Alego)

O plenário da Assembleia Legislativa mandou para o arquivo ontem projeto que buscava proibir em Goiás a pulverização aérea de propriedades rurais. O debate foi lançado pela deputada Adriana Accorsi (PT) com base em decisão da União Europeia, que baniu o sistema com utilização de aviões para combater pragas, e no caso ocorrido há seis anos em Rio Verde, quando um incidente com sistema irregular causou despejo de defensivos sobre uma escola, deixando dois professores e 45 crianças com graves sequelas.

A matéria, no entanto, foi barrada com forte pressão de representantes do setor ruralista, que comemoraram e aplaudiram a rejeição do projeto. Adriana Accorsi analisou a votação em entrevista exclusiva à Sagres.

“Primeiro lugar, chamar atenção para essa questão da pulverização aérea de agrotóxicos no nosso estado, nós já tivemos um acidente trágico, onde 45 estudantes, crianças e dois professores foram atingidos e intoxicados, por uma pulverização em 2013 na região de Rio Verde, e na verdade existe uma pesquisa da Embrapa dizendo que, em toda pulverização aérea de agrotóxicos, por mais que as condições de tempo e toda a organização esteja ideal, pelo menos cerca de 20% desse agrotóxico, desse veneno, ele vai ser desviado do seu objetivo” afirmou. “Infelizmente, nosso projeto não foi a frente, eu entendi que isso poderia acontecer, devido ao poder que o agronegócio tem no nosso Estado, mas eu não poderia deixar de colocar essa questão, de trazer essa pauta, não poderia me omitir nesse momento”.

Representantes dos ruralistas presentes na Assembleia afirmam que a pulverização aérea é fundamental para as culturas de porte maior, como cana e milho, em que o avião agrícola é uma ferramenta indispensável. É o que explica o representante do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG), Tiago Textor.

“As principais culturas são aquelas que tem porte maior, que o terrestre não consegue entrar. Goiás é o segundo maior produtor de cana do Brasil, só atrás de São Paulo, são mais de um milhão de hectares de cana-de-açúcar e sem avião a cana não sobrevive” ressaltou. “O avião agrícola é uma ferramenta importante e quando se passa a conhecer um pouco mais da questão agrícola, sabe que ela é extremamente criteriosa e oferece segurança para operação” completou.

Tiago ainda aponta que o Brasil precisa manter seu benchmarking, – é o processo de comparação entre mercados, produtos e práticas -. Segundo ele, a referência é os Estados Unidos, que é nosso concorrente direto, e não com a União Europeia.

“Nosso benchmarking é os Estados Unidos, que é o maior produtor de grãos, que tem uma produção pujante e é o nosso concorrente, não a União Europeia que não produz, ou produz” analisou. “Temos que olhar para quem produz bem e que faz isso de forma segura, a aviação agrícola brasileira está seguindo esse mesmo caminho, hoje nós temos o congresso de aviação agrícola, que já é maior que a do próprio Estados Unidos, se ter uma ideia do tamanho e da relevância que é o setor hoje” concluiu.