A Amazônia e o Cerrado registraram queda de desmatamento no primeiro semestre de 2024. Segundo os dados do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Cerrado teve a primeira redução para o período desde 2020 e a Amazônia registrou o menor número de alertas de desmatamento de janeiro a junho desde 2018.
Os alertas de desmatamento na Amazônia caíram 38% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2023. Só em junho, os alertas caíram 31% na Amazônia, ou seja, 457 km² comparados aos 663 km² do período anterior. A ministra do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, comentou os dados em entrevista na quarta-feira (3).
“Os dados mostram uma tendência de queda consistente do desmatamento na Amazônia e o início de uma tendência de queda no Cerrado. Isso nos dá esperança de que, vendo o que ocorre na Mata Atlântica, com a queda continuada do desmatamento, vamos conseguir desmatamento zero até 2030”, disse.
Cerrado
O Cerrado registrou queda de 15% de janeiro a junho, a primeira redução para o período desde 2020. No mês de junho, o bioma teve redução de 24%, ou seja, 662 km² em comparação com o período anterior de 875 km².
A área sob alertas de desmatamento na Amazônia no primeiro semestre ficou em 1.639 km², 50% menos em 2023 na comparação com 2022. No Cerrado, a área sob alertas de desmatamento foi de 3.724 km², queda de 15% na comparação com os 4.396 km² registrados no mesmo período do ano anterior.
Entretanto, o Cerrado teve aumento de 15% de 2023 para 2024. Sendo assim, os alertas subiram de 5.735 km² no ano passado para 6.571 km² neste ano. A recente queda de desmatamento no Cerrado está sendo celebrada pela pasta ambiental, pois indica que após um aumento geral de 43,6% em 2023 na comparação com 2022 o bioma entra em estabilidade.
“É uma tendência que está se configurando, ainda não está consolidada. É extremamente importante, porque a gente tinha o Cerrado em crescimento acelerado”, disse o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco.
Mata Atlântica
O desmatamento na Mata Atlântica caiu 26% em 2023, com o registro de 765 km², o menor dado do sistema Prodes, também do Inpe, para o bioma desde o início da série histórica em 2001.
“Esta queda veio após anos de crescimento acelerado: em 2020, foram desmatados 790 km² e, no ano seguinte, 927 km². Passamos da casa dos 1.000 km² em 2022, e agora tivemos uma queda de quase 26%. Então, é um feito enorme neste bioma, que é um dos mais ameaçados do país”, afirmou Capobianco.
Com extensão da costa do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, a Mata Atlântica abriga cerca de 70% da população brasileira. Segundo o Inpe, então, o bioma teve 71,6% da vegetação nativa desmatada com a criação de rodovias e ferrovias, pecuária e expansão urbana.
Recuperar biomas
Os dados para o bioma são otimistas. Divulgados também na quarta-feira (3), mesmo dia em que houve o seminário técnico-científico para elaboração do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento (PPCD) da Mata Atlântica, eles marcam uma nova visão da pasta ambiental para o bioma.
“Falar de desmatamento zero na Mata Atlântica já está defasado. Precisamos é falar de recuperar 30% do bioma, no mínimo”, afirmou André Lima, secretário de Controle do Desmatamento do MMA, durante o seminário.
Os planos para a Amazônia e o Cerrado estão em andamento no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima desde 2023. Assim, os planos para a Caatinga, o Pampa e o Pantanal serão lançados ainda neste semestre
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.
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