Neste Dia Internacional da Mulher, o Sistema Sagres de Comunicação homenageia e conta um pouco da história de Emanuella Silva. Mulher, filha, mãe, esposa e vencedora, Emanuella é natural de Imperatriz, no Maranhão – mas foi criada em Recife, no Pernambuco – e em 2019 venceu a luta contra um câncer no fêmur com ajuda de outras mulheres. Para ela, 8 de março, é um dia de celebração.

“É um dia para comemorar, mas é um dia pra lembrar que temos que comemorar todos os dias, para não ser esquecido. Separamos um dia no ano, mas não é só para celebrar neste ano. As conquistas acontecem todos os dias, e elas têm que ser lembradas todos os dias. O Dia da Mulher é muito importante, temos crescido muito, se superado e vencido as barreiras do preconceito em todas as áreas. Então é um dia para celebrar e seguir firme, sem olhar para atrás”, afirma.   

O Dia Internacional da Mulher é comemorado desde a década de 70. Inicialmente, a data remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente, simboliza a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo e a violência.

Ao longo dos anos as mulheres têm conquistado seu espaço, mas o caminho ainda é longo e Emanuella acredita que a igualdade de gêneno só será alcançada com uma mudança na sociedade.

 “O que precisa é a cultura. Temos uma cultura machista e preconceituosa. Existe um leque de oportunidades para as mulheres e muitas vezes elas não conseguem ter acesso por conta dessa questão cultural. Mas mesmo que a passos curtos, isso está sendo vencido. É importante abrir a mente para entender que a mulher tem o seu lugar e seus direitos, somos plenamente capazes”, frisa.   

Carreira x casamento

Casada com Moacir, lateral do Vila Nova. Emanuella silva era gerente comercial de uma rede de lojas em recife, mas tomou difícil decisão de abandonar a carreira para se dedicar a família e seguir os passos do esposo.  

Moacir e Emanuella (Foto: Arquivo pessoal)

 “Olho com bastante gratidão o fato de ser mãe e cuidar dos meus filhos. De não ter que trabalhar para trazer o sustento. Infelizmente, hoje em dia muitas mulheres não estão conseguindo dar conta disso e terceirizam essa educação, não que seja errado, mas é muito bom poder cuidar dos filhos de perto”.

“Hoje é dia é muito bom, mas confesso que quando eu me casei com o Moacir era difícil largar emprego e profissão para seguir este caminho de mãe e dona de casa. Mas quando olhamos para o futuro e para o nosso propósito junto com o marido, entendemos o nosso papel e ficamos felizes com ele”, revela.        

Superação

Em 2019, Emanuelle foi diagnosticada com um câncer no fêmur. Longe da família em Recife, ela encontrou em um grupo de esposas de jogadores de futebol em Goiânia, o apoio que precisava para se curar.

 “Foi um tempo bem difícil, mas um tempo que eu fui muito cuidada por Deus aqui em Goiânia e graças a outras mulheres. Temos um grupo de apoio a outras mulheres em todas as cidades do Brasil e hoje fora do Brasil também, onde há esse acolhimento entre as mulheres dos jogadores. Nós nos unimos e criamos essa rede de apoio, têm muitas histórias lindas dentro dessa família e eu fui muito cuidada por elas”.

“Independente do time, a gente se juntava e elas cuidavam muito de mim, iam nos exames comigo, nos tratamentos, levavam comida, cuidavam dos meus filhos… Então, mesmo com a minha família ajudando, eu não teria conseguido sem elas. É muito importante esse apoio, porque saímos de casa e muitas vezes não temos a família por perto, mas criamos essa rede. Essa luta (contra o câncer) foi difícil, árdua, e graças a Deus e a esse apoio eu consegui vencer”, relembra.

(Foto: Arquivo pessoal)

O caso ganhou repercussão nacional após Moacir comemorar um gol contra o Coritiba, pela Série B do Campeonato Brasileiro, simulando o uso de muletas para homenagear a esposa. Na época, o atleta jogava no Atlético Goianiense e Emanuella foi abraçada pela torcida. 

“No tratamento contra o câncer é muito importante é muito importante estarmos com a cabeça boa, com um bom psicológico. Geralmente as pessoas são encaminhadas para tratamentos psicológicos e assistentes sociais, porque é muito necessário. E no meu caso os torcedores foram meus ‘psicólogos’,  porque eles me davam muita força, me mandavam mensagens… Mesmo não sendo torcedores do Atlético-GO”.

(Foto: Arquivo pessoal)

“Tinham torcedores do Vila Nova, do Goiás e de times de outras cidades, fui muito acolhida. Quando eu ia no estádio, eles me ajudavam com as minhas muletas, me davam lenços… Era muito gostoso. O futebol não gira em torno só do jogo de 90 minutos, ele é muito maior. Apesar de terem coisas que não são legais, acho que a parte boa se sobrepõe”, conclui.

Responsabilidade          

Casada há quase 13 anos e mãe de dois meninos e duas meninas, Emanuella destaca o compromisso que ela e Moacir tem em ensinar seus filhos a importância da igualdade de gênero. 

 “Isso a gente tem trabalhado muito lá em casa. Quero criar homens com caráter para cuidar das mulheres. Conversamos muito com eles sobre isso, sobre eles reconhecerem a mulher, cuidar, tratar e elogiar. E as meninas também, para saberem quem são, saberem a identidades delas, saber que elas têm um mundo para ganhar. Trabalhamos muito isso, porque queremos ver homens e mulheres forte para essa nova geração”, finaliza.