A Organização das Nações Unidas (ONU) criou em 1999 o Dia Internacional da Juventude, comemorado neste dia 12 de agosto. A data tem como objetivo dar visibilidade para a temática e a importância da participação da juventude na solução dos desafios globais.

No entanto, no Brasil, ainda é preciso lutar para que mais políticas públicas voltadas aos jovens, principalmente àqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social. A doutora em Educação, Denise Maria Reis, defende a criação de um fundo nacional de juventude para financiar tais projetos. Assista a seguir

”A gente não tem, de fato, uma política orgânica com um fundo nacional de juventude próprio para financiar essas políticas. Nós temos, no início dos anos 2000, algumas ações nesse sentido, como eventos, conferências, comissões, que começam a levantar a temática da juventude e suas especificidades. Mas é, em 2005, que a gente vê por meio de decreto a instituição do Conselho Nacional de Juventude, da Secretaria Nacional de Juventude, o programa de inclusão do jovem o Pró-Jovem e também o estabelecimento da Política Nacional de Juventude”, enumera.

Segundo Denise Maria Reis, é preciso valorizar esse aparato, mas principalmente torná-lo mais potente. ”Se a gente não fizer pressão, esse dinheiro não vai para políticas sociais, em especial, para as de juventude”, complementa.

Foto: Sagres TV

Entretanto, de acordo com o estudante de Gestão de Políticas Públicas, Antonio Ordones, não basta que o Estado se mobilize, é preciso participação e engajamento constantes dos próprios jovens na causa.

”É importante visualizar como essa juventude está participando do processo democrático brasileiro. Como fazer com que a participação do jovem seja perene no Estado brasileiro? Como engajar, mobilizar esses jovens para ocuparem espaços de poder?”, questiona.

Lucimara Camargo é instrutora da área educacional da Demà by Renapsi, polo Joinville, e percebe diariamente a dificuldade que os próprios jovens possuem em identificar as políticas públicas nas quais estão inse

”Muitas vezes, aborda-se esse tema mas sem que eles próprios saibam como isso afeta a vida deles. É um desconhecimento de muitos jovens que são rasos em questão de conhecimento. A gente tem observado que a Lei de Aprendizagem, por exemplo, traz muitos benefícios, já ajudou muitas famílias, muitos jovens. Trabalhando com os jovens, é possível perceber a dificuldade que eles têm em identificar essas políticas públicas das quais eles fazem parte”, argumenta.

Para Bruna Fernandes, instrutora da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Interação (Renapsi), polo Curitiba, um ponto de partida seria proporcionar a esses jovens o acesso à informação e educação, ainda que longe da sala de aula.

”Hoje a gente vive a era do EAD, e muitos jovens não têm esse acesso, são prejudicados. E a partir do momento em que a gente fala de política pública, se quer que o jovem tenha noção de seus direitos. Mas como exercer esse direito se não tem acesso ao básico”, pontua.

De acordo com o relatório “Síntese de Indicadores Sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira 2021” realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), metade dos alunos de 15 a 17 anos matriculados na rede pública de ensino não possuíam equipamentos ou acesso à internet para acompanhar as aulas remotas durante a pandemia.