Em entrevista à Sagres, nesta sexta-feira (8), o cientista político Robert Bonifácio afirmou que os acontecimentos recentes no Estado de Goiás tornam essa eleição o momento certo para que novas figuras políticas possam surgir no Estado. “No meu ponto de vista, existem três grandes nomes regionais: Ronaldo Caiado (UB), Daniel Vilela (MDB) e Marconi Perillo (PSDB). Caiado e Vilela estão juntos em uma chapa, então existe uma única força de oposição. Isso, de fato, é interessante para o ingresso de novos atores políticos que pretendem ter uma estatura regional”, explicou.

Diante deste cenário, Robert analisou que faz todo sentido a candidatura de Gustavo Mendanha, mesmo com as dificuldades encontradas para a disputa do pleito. “Ele tem tido vários problemas na construção da sua candidatura, em parte, por uma estratégia muito bem-sucedida de Caiado e Vilela e, também, por erros que ele mesmo comete. Mas a candidatura dele faz todo sentido. É o momento dele se tornar conhecido, assim como Vitor Hugo (PL)”, declarou.

O deputado federal Major Vitor Hugo, citado pelo analista político foi a escolha do presidente da República, Jair Bolsonaro, para ser o representante do bolsonarismo em Goiás nessas eleições de 2022. Porém, segundo Robert, o deputado terá ainda mais dificuldades que Mendanha.

Assista a entrevista no Sagres sinal Aberto:

“Gustavo, não fazendo juízo de valor, tem algo a apresentar. Se é bom ou ruim o eleitorado que vai julgar. O Major Vitor Hugo foi o deputado menos votado em 2018 e tem apenas um grande alinhado, que é o presidente da República. Agora, o quanto o presidente vai se dedicar num estado que somando todos os eleitores dá pouco mais da metade da cidade de são Paulo?”, questionou.

Além disso, o cientista observou que as eleições em Goiás costumam ser mais regionalizadas. “Vitor Hugo, tenta nacionalizar a campanha. Não sei qual sucesso ele terá nisso, mas acho que tem poucas chances. A lógica em Goiás é regional […] Será um bom teste para ver o quanto a lógica em Goiás é regional ou nacional”.

Migrações partidárias

Segundo o cientista político Roberto Bonifácio, as migrações partidárias em Goiás seguiram a lógica do que ocorreu com o restante do Brasil, com mudanças de políticos para partidos medianos, que se tornaram grandes, além de legendas que estão no poder.

“Nós tivemos, aqui, 27 mudanças, de 41 deputados estaduais e favoreceram justamente os partidos que predominam na arena estadual, que é o UB, do governador, e o MDB, partido do pré-candidato a vice-governador. São os dois partidos com maior quantidade de deputados e o terceiro, para a surpresa de ninguém, é o PL, sigla do presidente da República”, analisou.

Sobre o Partido dos Trabalhadores, que não apresentou grandes filiações, Robert declarou que esse, de fato, é o perfil do partido, que já conta com boa estrutura. “O PT não precisa crescer muito, então as movimentações do PT são marginais, não comporta grandes entradas e grandes saídas”.

Robert também avaliou que os acordos políticos feitos agora podem não surtir o efeito esperado pelos agentes políticos. “Político acha que acordos feitos com outros políticos é super valioso. É claro que é melhor ter apoio com políticos do que com ninguém, mas é preciso combinar com a opinião pública, com o eleitorado”, disse.

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