Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

“É uma vitória ancestral”, celebra educadora sobre participação do funk brasileiro em Harvard

O funk, um dos ritmos mais populares e marginalizados do Brasil está prestes a ganhar espaço em um dos palcos acadêmicos mais respeitados do mundo: a Universidade de Harvard. A escola Ginga Funk foi selecionada para participar da Brasil Conference, evento anual que reúne debates sobre cultura, saúde, empreendedorismo e tecnologia, promovendo reflexões sobre o futuro do Brasil.

Os responsáveis por essa conquista histórica são Susan Santos e Ryggie Diamantino, fundadores da iniciativa. “É uma alegria imensa, não só para mim como mulher preta, periférica, nascida e criada em Osasco, São Paulo, mas também para milhões de jovens negros que nos escutam aí do outro lado da telinha”, disse Susan.

Além disso, o Ginga Funk foi uma das duas iniciativas selecionadas na categoria de cultura, em um processo seletivo altamente concorrido. Ao lado de John, artista carioca que trabalha com grafite em escolas, Susan representará as vozes da juventude periférica e negra do Brasil. “Foram muitas etapas, mas recebemos a notícia de que nosso trabalho tinha sido considerado diferenciado. Eles queriam nos ter lá com eles. Estamos muito felizes”, contou.

Sendo assim, mais do que levar uma apresentação de dança, Susan vai a Harvard com uma missão: reposicionar o funk como uma ferramenta de transformação social e resgate da identidade afro-brasileira. “Antes de pensar a Ginga como empresa, eu tive que me entender enquanto mulher negra, jovem, conscientizada. O funk é uma dança criminalizada, mas é também uma forma linda de expressão, de resistência, de identidade”, afirmou.

Palestra, oficina e performance

Durante a conferência, a Ginga Funk pretende realizar palestra, oficina e performance. Nesse sentido, o objetivo é destacar as raízes ancestrais do ritmo. “A célula rítmica do nosso funk vem do Congo de ouro que a gente vê lá no maculelê. Isso é ancestral. É algo que atravessa os nossos corpos”, explicou.

Além disso, Susan também destaca o papel do funk na construção da autoestima de jovens negros: “O nosso trabalho é de posicionar essas pessoas negras, de ajudá-las a se olhar no espelho e se verem como potências. Eu acho que o funk é o caminho pelo qual a gente luta por uma educação antirracista”.

Ao relembrar sua trajetória pessoal, Susan não esconde a emoção: “Minha avó era analfabeta, merendeira de escola pública. Minha mãe tentou ingressar na universidade e não conseguiu. Eu fui a primeira da minha família a entrar numa universidade pública. E agora estou indo a Harvard. É estratosférico”.

A história da Ginga Funk em Harvard é um marco para a cultura periférica no Brasil — uma prova de que a arte, mesmo nascida à margem, pode ocupar o centro. “Essa oportunidade não é só minha. É da comunidade. É dos que vieram antes. E também dos que virão depois”, finaliza Susan.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade

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