Imagine das três voltas completas na Terra em linha reta, ou seja, 120.000 km, sem utilizar uma só gota de combustível fóssil? Pois essa é a distância que o eBus, um ônibus sustentável desenvolvido aqui no Brasil, já percorreu.
O eBus foi construído por pesquisadores do Laboratório de Energia Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, em 2016. O veículo se move 100% via energia elétrica e solar.
“O eBus é 100% alimentado por energia solar fotovoltaica, que é gerada nos telhados, fachadas e sistemas em solo que temos no laboratório”, explica o É o que explica o professor e coordenador do Grupo Fotovoltaica, Ricardo Rüther.
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Veículo sustentável
A autonomia do eBus é de 72 km. O veículo realiza cinco vezes ao dia uma viagem circular. O percurso liga o laboratório localizado no Sapiens Parque até o Campus Central da UFSC, um trajeto de 52 km.
“Cada vez que ele faz esta rota circular de 52 km ele fica 1 hora estacionado, depois, no laboratório carregando as baterias com energia solar para poder realizar a próxima viagem”, pontua Rüther.
Além da sustentabilidade e preocupação com o meio ambiente, o eBus ainda é capaz de produzir energia a partir da frenagem regenerativa. O sistema já é utilizado em carros elétricos pelo mundo.
“Na frenagem regenerativa o motor passa a atuar como um gerador ou seja, na frenagem toda a energia relacionada ao movimento do ônibus move um gerador de energia elétrica, que injeta eletricidade na bateria, carregando ela um pouco”, salienta.
Meio ambiente
O professor explica que a escolha por um ônibus como veículo do projeto se deu pela redução do impacto ambiental que ele pode proporcionar. O eBus que transporta, ao todo, 38 passageiros. “Escolhemos o ônibus porque acreditamos que para trajetos urbanos desta natureza um ônibus pode retirar das ruas mais de 20 carros”, argumenta.
Segundo Rüther, que já venceu prêmio da International Solar Energy Society pela inovação desenvolvida no laboratório, o veículo já se transformou em uma espécie de “xodó” da universidade, principalmente entre os estudantes. Ar condicionado e internet wi-fi também não faltam no eBus.
“Eles adoram o eBus, pois como as aulas são no Campus Central da UFSC e o Laboratório Fotovoltaica fica a 26 km do Campus Central da UFSC, as 5 viagens diárias do eBus viabilizam as idas e vindas dos estudantes e professores entre estes dois locais”, afirma.
Custo e políticas públicas
Ademais, o custo de manutenção do eBus em relação aos ônibus convencionais impressiona: é cinco vezes menor. No entanto, Rüther afirma que o que pesa para implementação do sistema no Brasil, por enquanto, é o valor inicial do veículo.
“O custo inicial do veículo é o maior impedimento, pois ele custa cerca de 3 vezes mais caro do que o equivalente a diesel. Mas o custo de operação é cerca de 5 vezes menor, ou seja, ele se paga no tempo, mas precisa ser financiado com este alto custo de investimento inicial. Somente políticas públicas têm o poder de quebrar este ciclo vicioso. Pois precisamos de produção em larga escala de veículos como este para que o custo seja reduzido, como acontece com qualquer bem de elevado custo e conteúdo tecnológico”, pondera o professor.
Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 07 – Energia limpa e acessível.
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