Previsão de aumento de 0,2% no PIB não é crescimento, analisa economista

 

Economista diz que redução do PIB aponta para uma estagnação da economia brasileira (Foto: Rubens Salomão/Sagres Online) 

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A crise econômica global provocada pela pandemia de coronavírus fez o governo brasileiro reduzir para 0,02% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), em 2020. A nova estimativa da soma dos bens e serviços produzidos no país foi divulgada pela Secretaria Especial de Fazenda (SPE)  do Ministério da Economia, que apresentou o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, documento que orienta a execução do Orçamento.

A doutora em Economia, Larissa Cardoso, explica que a previsão do Governo Federal em relação ao PIB aponta para uma estagnação da economia brasileira. “Não foi à toa que o governo fez essa revisão, uma estimativa de 0 a 0,02%, significa que não haverá crescimento da economia brasileira. Mas outras previsões são mais pessimistas, o setor privado aponta que pode ser uma recessão da economia, a depender de como se dê esse avanço do coronavírus”, explicou.

A previsão da SPE é que o país passe por uma recessão no primeiro semestre de 2020, com um encolhimento da atividade econômica de 0,20% no primeiro trimestre e contrair 2,13% no segundo trimestre na comparação com os três meses imediatamente anteriores. 

Quando há queda no PIB por dois semestres seguidos, um país entra na chamada “recessão técnica”. Larissa alerta que as estimativas são baseadas nos efeitos do coronavírus e tudo é muito incerto. “Os efeitos desse vírus ainda são desconhecidos, as soluções em termos de medicamento e de vacina não sabemos quando irão surgir, então os efeitos na economia são incertos. O que fazemos são estimativas, simulações para tentar identificar esses possíveis efeitos na economia”, explica.

Larissa esclarece ainda que as estimativas vão de efeitos positivos de 0,02% a cenários mais pessimistas de recessão de 1,6%. “É difícil apostar em um cenário, mas a gente sabe que esse efeito na economia pode atingir uma recessão, vai depender de como a economia vai reagir a esses estímulos que o governo está anunciando”. A SPE prevê uma recuperação de 1,17% a partir do terceiro trimestre e tem expectativa de um avanço de 2,03% no quarto trimestre.

Nesta segunda-feira (23), o Banco Central divulgou o relatório Focus, que é a previsão das instituições do mercado financeiro. A projeção é mais otimista que a divulgada pelo governo federal, com  previsão da redução do PIB de 1,68% para 1,48%. “Talvez o mercado esteja com uma visão positiva acreditando nos efeitos que as medidas do governo vão ter na economia. São medidas em termos de estímulo de consumo, visando manutenções de emprego, manutenção da atividade de algumas empresas, medidas de crédito para micro e pequenas empresas. Talvez o mercado olhe para isso acreditando que não terá queda significativa na produção”, disse.

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