Com a pandemia da Covid-19, as aulas presenciais precisaram ser paralisadas há cerca de um ano. Quando alguns locais chegaram a planejar o retorno, a segunda onda, com números de mortes e contaminações superiores à primeira onda acabou adiando a ideia. Em entrevista à Sagres, a secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli, explicou que devido ao tempo e a mudança de ambiente onde os alunos eram ensinados, após o retorno serão necessários, pelo menos, cinco anos para que os estudantes atinjam o nível de aprendizagem de antes da pandemia.

“Para recuperar, dentro de cada ano, a partir de agora, aquilo que a gente deixou de ofertar na hora certa. E essa oferta vai ser aos sábados, vai ser pelo rádio, pela TV […] Quando as aulas voltarem ao normal, ao final de cinco anos, será possível dizer ‘agora sim, essa turma que vai se matricular neste ano, ela consegue ter tudo aquilo que um aluno deveria receber'”.

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Apesar do tempo, a secretaria contou que a aprendizagem, ainda assim, foi acima do esperado com o cenário de pandemia. “A Seduc (Secretaria de Educação do Estado de Goiás) aplicou a avaliação diagnóstica e obteve 71% de participação dos alunos e conseguiu identificar as maiores dificuldades restadas do ano de 2020 que precisam ser corrigidas durante 2021”. No ensino fundamental, a participação das crianças foi de 72%.

A avaliação diagnóstica é realizada anualmente para identificação das falhas que ocorreram no ano anterior. Para a análise, os alunos são avaliados individualmente, depois é feito um extrato de escola por escola e, por último, os dados são tabulados para que o planejamento possa ser feito.

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Segundo a secretaria, antes da pandemia, a diagnóstica registrava níveis de participação acima de 90%. “Vai ser um trabalho extremamente árduo colocar novamente esses meninos numa participação acima de 90% e a aprendizagem em quase 90%. Mas vai ser possível, porque a dedicação da equipe da Secretaria, dos parceiros e, principalmente, dos professores em motivar esses alunos em um momento desses tem sido gratificante de ver”.

Falta de apoio

Fátima Gavioli criticou a rotatividade de ministros no Governo Federal, que segundo ela, “possibilitou a descontinuidade das políticas públicas” e causou dificuldades aos secretários de educação do Brasil. “Nós realmente não tivemos nenhuma política e nenhum programa por parte do Ministério da Educação que nos desse o norte sobre o ensino remoto”.

A secretária também criticou a discussão do homeschooling (ensino doméstico). Apesar de ser a favor de toda forma de educação, Fátima disse que este não é o momento para essa pauta, que segundo ela desvia o foco da retomada das aulas presenciais.

Sobre os recursos direcionados para a merenda escolar, a secretária contou que o dinheiro é usado para a montagem de um kit com itens básicos como arroz, óleo e frutas, mas que há pais que reclamam e ainda acusam os gestores alegando que há um desvio dos recursos. “O dinheiro que nós compramos os alimentos é centavo por centavo justificado”.

Plano de retomada

Um plano de retomada está sendo trabalhado para que as aulas presenciais voltem aos poucos nas regiões que saem da zona vermelha. “Nós estamos reunindo a comunidade, conversando e fazendo essa retomada, sempre com muita cautela”. Umas das precauções tomadas pela secretária, é a de não abrir as escolas e, posteriormente, fechar novamente por necessidade.

Fátima contou que esteve reunida com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que afirmou que após a vacina ser administrada em todos os idosos acima de 60 anos, buscará prioridade para os profissionais da educação. “Com essa vacinação, eu garanto a vocês que nós vamos caminhar para um momento de tranquilidade”.