O professor de geografia, Dalmo Gomes da Silva, desenvolve um projeto de educação antirracista no Centro de Ensino em Período Integral Quilombola Jardim Cascata, em Aparecida de Goiânia. O objetivo da atividade é promover a aceitação e o pertencimento entre os alunos.

“Esse trabalho que nós estamos realizando é com a finalidade de entender a importância da cultura africana para sociedade brasileira e para construção da nossa identidade”, disse. O racismo é trabalhado em outras disciplinas da escola, mesmo assim, o professor sentiu a necessidade de direcionar o assunto num projeto.

O professor de geografia, Dalmo Gomes da Silva (Foto: Sagres TV)

“A questão é a resiliência do povo negro e periférico na perspectiva de ter seus direitos atendidos. Então trabalhamos com arte com os alunos que têm mais facilidade para desenhar, pintar e colorir pra gente pensar, porque durante o momento que estamos produzindo arte, também estamos pensando, refletindo e valorizando essa cultura tão importante pra formação do território brasileiro. Porque a nossa identidade, a identidade do povo brasileiro, do povo periférico, do povo que vive nas grandes cidades, é a identidade negra”, afirmou.

Aceitação

A diretora da escola, Rita Cássia Pessoa, mencionou a dificuldade dos estudantes na autodeclaração étnico-racial. “Quando a gente faz o Censo e pergunta qual que é a sua cor, eles falam moreno claro, e às vezes eles são da minha cor, negros, mas não se identificam como negros. Então, fazer a pintura, mostrar o cabelo black, cacheado crespo, ondulado, faz com que eu me veja naquela escola”, explicou.

A diretora da escola, Rita Cássia Pessoa (Foto: Sagres TV)

Os alunos desenham e pintam elementos da cultura afro-brasileira e veem nos muros e paredes da escola a representação de suas características de pele, corpo e cabelo.

“O colégio me ajudou muito sobre a minha aceitação porque é um colégio onde eu vejo pessoas maravilhosas se soltando, se mostrando do jeito que elas são de verdade. Elas não têm medo de mostrar quem elas são porque o colégio quilombola ajuda a gente a se aceitar do jeito que a gente é”, disse a estudante, Pâmela Barbosa.

Pertencimento

Hendreus William Soares é o professor de história (Foto: Sagres TV)

Hendreus William Soares é o professor de história e destacou que a escola realiza projetos semanais e mensais que possam relembrar e reforçar a identidade dos estudantes. A ação é importante para alunos como Juan Pablo Vieira, que se sente acolhido no ambiente.

“Nas outras escolas eu sempre me senti meio excluído. Então, participar daqui me faz ser uma pessoa melhor, a escola me ajuda nisso todos os dias, ela me inclui. Aqui no projeto da escola eu me sinto importante”, afirmou.

O sentimento de Juan Pablo é muito importante para a diretora Rita Cássia, que ressaltou a identidade quilombola da escola. “Quando a gente que é negro chega já se identifica, porque tem um mural que representa o empoderamento capilar com uma negra bem cabeluda. Ele é pra gente tentar fazer com que as meninas se apropriem do próprio cabelo e da cor”, contou.

Educação antirracista

O professor Dalmo acredita que esse trabalho desperta no aluno o senso de pertencimento. “Ele vai construindo uma identidade e começa a se olhar de forma positiva, para de se olhar de forma pejorativa”, disse. Hendreus compartilha da opinião e sabe que o trabalho é diária e leva tempo para ter resultados na sociedade.

“O nosso trabalho está sendo feito nas escolas, que é o local certo. É dentro das escolas que nós vamos mudar a sociedade em vários aspectos, o racismo é importantíssimo, pois é um dos aspectos da educação social”, reforçou.

Estudantes da escola quilombola (Foto: Sagres TV)

“Eu acredito que dentro de 10, 15, 20 anos isso vai ser um assunto tão comum e corriqueiro que os filhos deles vão mostrar para nós que valeu a pena. É um trabalho de formiguinha, mas nós não temos que pensar somente no projeto de lei, temos que pensar como sociedade, como paridade e igualdade”, projetou.

Rita Cássia deseja que os alunos sejam o que são, sem ter vergonha de suas características. O desejo da direto já é realizado em Pâmela, que valoriza o projeto. 

Eu me aceito como uma mulher negra, me acho muito maravilhosa como pessoa e eu sei que o mundo não é um conto de fadas. Então, eu sei que várias pessoas vão me discriminar pelo meu tom de pele, jeito de vestir e pelo meu cabelo. Porém, eu me aceito”, disse.

Educação antirracista (Foto: Sagres TV)

Programa Educação

A segunda temporada do Educação está recheada de temas sobre a escola do presente. Ensino ambiental, financeiro, digital e muito mais. Quer descobrir se as escolas do país estão preparadas para essas novas habilidades e o que os profissionais da educação já estão fazendo para transmiti-las? É só acessar o canal do Sistema Sagres no YouTube! 

O projeto de promoção da aceitação e pertencimento através da arte no Centro de Ensino em Período Integral Quilombola Jardim Cascata, em Aparecida de Goiânia, é um dos casos de sucesso educacional que o programa já apresentou nas suas duas temporadas. 

Assista o programa temático sobre “educação antirracista” na íntegra.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de Qualidade.

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